segunda-feira, 14 de julho de 2014

A Copa 2014 – Mitos e Verdades.


A copa do mundo da FIFA 2014 terminou e o Brasil, ainda de ressaca, começa a sacudir os vestígios da festa que se prenunciava catastrófica.
As coisas afinal correram melhores do que podiam prever até as opiniões mais otimistas. Até o quarto lugar e as derrotas elásticas para as seleções da Alemanha e da Holanda ficaram de bom tamanho.
Como era de se esperar em eventos desta natureza, as noticias varreram o mundo, e as redes sociais fervilharam de boatos e mentiras que é um traço desta nossa sociedade paranóica.
Esta boataria tinha nascedouro em frase ditas de forma inconseqüente por personalidades publicas ou anônimas, com objetivos os mais variados e inconfessáveis. São frases que ganharam contornos de verdades absolutas, mas que não resistem a mínima analise critica.
Felipão dizia ao assumir a seleção em 2012, que o Brasil tinha a obrigação de ganhar esta copa.
Começava o seu trabalho com uma promessa, no mínimo inconseqüente, que contagiou a torcida e os meios de comunicação.
Pergunto: Porque tinha que ganhar, já que se tratava de uma competição?
Isto parte de um pressuposto e uma arrogância nacional de que detemos o monopólio de país do futebol.
Qualquer seleção que entra em uma competição pode ganhar ou não. Esta coisa de ter a obrigação de ganhar vai contra o espírito dos desportos.
A historia de que o Brasil não poderia perder e muito menos de goleada para outra seleção é parte desta nossa pretensiosa crença de que Deus é brasileiro e ao final o universo vai sempre conspirar a nosso favor.
 Seleções de outros países também têm o direito de sentir o doce sabor da conquista, mas antes disto tiveram que acumular sua cota de derrotas. Não sejamos egoístas, ninguém nem time nenhum pode só ganhar e ganhar o tempo todo.
Outra bobagem que temos lido com freqüência é de que fomos humilhados pelos times da Alemanha e da Holanda, e que isto mancharia para sempre nosso currículo.
Ridículo. Qualquer time que entre em campo contra outro, (11 contra 11) pode ganhar ou perder, até mesmo de goleada, basta que um seja mais bem treinado e que esteja emocionalmente mais equilibrado que o outro, e isto nada tem a ver com honra nacional.
O caminho do perdedor é o trabalho árduo pela reconquista do podium perdido, e para relegar as derrotas aos arquivos mortos da história.
Se temos que nos envergonhar de alguma coisa que seja por algo que valha a pena, como a corrupção de nossos políticos, a baixa qualidade de nossas saúde, educação e segurança, pelas crianças abandonadas, pela falta de moradia, pelo brutal desnível social, etc.
Para que gastarmos nossas energias colocando tanta prioridade numa atividade de desporto e lazer em detrimento de urgentes necessidades sociais?
Prenunciava-se um colapso no Brasil durante a copa, que não se confirmou. Pelo menos não na copa da FIFA, mas na copa do dia a dia este colapso é permanente. Perdemos o tempo todo de goleada para a corrupção, para o descaso com os interesses públicos e para a desigualdade social.  
Esta derrota sim dói e fere nossa honra. É para esta batalha que a energia de quem crê num Brasil melhor deve se direcionar em busca do maior de todos os troféus: uma democracia plena e justa.
A vitória, e a derrota, são efêmeras, só que uma nos traz euforia e alegria enquanto a outra no induz as mudanças necessárias. A vitória amplia nossa zona de conforto enquanto que a derrota nos força a sair dela.
Enfim ganhar ou perder faz parte do jogo, tanto no futebol quanto na vida. Desonroso é deixar de tentar.


João Drummond


domingo, 6 de julho de 2014

A Punição de Zuñiga

Esta pergunta tem sido feita a exaustão nas redes sociais e pela mídia especializada: O lateral Camilo Zuñiga da seleção colombiana deve ser punido pela FIFA, pela entrada que fraturou uma vértebra de Neymar e o tirou da copa do mundo 2014?
Para muitos foi uma jogada normal que resultou num acidente de trabalho, ou seja, sua intenção foi apenas parar a jogada, para outros Zuñiga cometeu uma falta maldosa que merece severa punição.
Vendo as imagens no correr do jogo pareceu realmente que Zuñiga apenas entrou com vontade e empurrou Neymar, que desabou sem maiores conseqüências, e foi que o juiz viu, dando a lei da vantagem sem aplicar nenhuma falta.
As imagens em câmera lenta e passo a passo mostraram que alem do empurrão no ombro de Neymar, Zuñiga atingiu também suas costas com o joelho.
A bola naquele momento não estava em disputa já que tinha caminho para o peito de Neymar. Se houve ou não intenção maldosa de Zuñiga só ele poderia responder lá com seus botões, mas ele agiu de forma açodada e temerária.
Ou seja, assumiu um risco e esta ação teve conseqüências graves. Se Neymar não tivesse sofrida a fratura na vértebra este tema nem estaria em debate.
As conseqüências poderiam ser menores ou maiores, como tornar o Neymar incapaz para o futebol, por isto acredito que Zuñiga deva ser punido na medida exata das conseqüências de sua ação, nem mais nem menos.
Ninguém esta falando em bani-lo do futebol ou pedindo prisão para ele, mas deixá-lo sem punição é estimular o futebol agressivo onde tudo seja permitido em favor de resultados.
Algumas partidas afastado do futebol vão permitir que o lateral colombiano pense um pouco antes de sem envolver de forma temerária em lance parecido e, de quebra desestimular outros de tentar o mesmo.
Para muitos críticos o Brasil foi responsável pela violência em campo e por tornar o jogo contra a Colômbia no mais faltoso da copa 2014, pelo numero de faltas que cometeu, (o jogo teve 54 faltas sendo 31 do Brasil).
A responsabilidade de coibir a violência em campo é prerrogativa da arbitragem que, no entanto abriu mão dela deixando o jogo correr solto.
Por outro lado as faltas devem ser consideradas também por suas conseqüências e nenhuma das faltas cometidas pela seleção brasileira resultou em maiores danos aos adversários.
Por isto também acho que o arbitro Carlos Velasco deve ser repreendido pela comissão de arbitragem da FIFA e receber orientação para ser mais rigoroso com a violência em outras partidas.
No mais esperamos que o espírito de lealdade e o fair play prevaleçam no futebol, sobre a selvageria e a violência.


João Drummond







sábado, 5 de julho de 2014

O Futebol e a Política (Copa 2014)

O futebol é o esporte mundialmente mais identificado com as massas, ou seja, é o esporte mais popular do mundo. As paixões que ele movimenta só podem ser comparadas aos interesses financeiros que o movem.
Multidões de torcedores se identificam com o time do seu coração e por ele fazem loucuras. Estas paixões exacerbadas são o terreno fértil para que investidores, empresas, bancos e governos direcionem vultosas quantias, para negócios ligados a ele.
É um negocio altamente lucrativo, de pouco risco que abre enormes probabilidades de ganho fácil e de rápido retorno, se comparado ao outros campos da economia.
Para muitos críticos, o futebol é alienante e prejudicial à economia de um país porque, na sua sombra as maracutaias prosperam e a corrupção recrudesce, sugando recursos que poderiam ser direcionados para as demandas mais importantes da população.
Estes mesmos críticos se posicionaram radicalmente contra a organização da copa do mundo no Brasil, indignados ao verem suas justas reivindicações negadas, enquanto toneladas de dólares estavam sendo direcionadas para o evento da FIFA.
Antes da copa eram muitas as especulações por parte da imprensa nacional e internacional sobre o seu iminente fracasso, expectativas que não foram confirmadas na pratica. Esta torcida pelo fracasso da copa foi abraçada por setores da sociedade, e se estende para um possível fracasso da seleção brasileira, para que o país (sic) sofra um choque de realidade. Isto é apostar no retardamento mental do cidadão. A grande maioria da população torce para mais uma conquista do Brasil, mesmo nos menos favorecidos rincões.
Como que num passe de mágicas todas as engrenagens do evento, que pareciam entrar em colapso, se ajustaram para tornar a Copa do Mundo no Brasil em mais um mega evento bem sucedido.
As alarmistas e os profetas do apocalipse ficaram no prejuízo, uma vez que suas teses catastróficas não se confirmaram.
Os estádios estão funcionando sempre lotados com seus problemas de sempre, os aeroportos estão dando vazão dentro de certa normalidade às demandas dos usuários, as obras de infra-estrutura não vieram abaixo e deram conta razoavelmente do recado, as manifestações ficaram restritas em pontos que não prejudicavam o transito dos torcedores.
E porque isto tudo aconteceu? Porque o futebol a exemplo do carnaval é um elemento da identidade de um povo. A sociedade brasileira disse a ultima palavra e abraçou o evento como seu, e como no carnaval resolveu jogar para o pós copa o debate nacional sobre seus benéficos e conseqüências.
Um povo que, no carnaval, cai na folia com se não houvesse amanhã e vai curar sua ressaca na quarta feira de cinzas, não perderia a oportunidade de viver e se aproveitar esta mágica energia, que tornou o Brasil, por pouco mais de um mês na capital esportiva do mundo.
Este povo que abraça e toca o que esta sendo considerado o milagre brasileiro, não precisa de tutores de consciência que lhes digam o que é bom ou o que é mau, e sabe que cada coisa tem seu tempo.
Há um tempo para trabalhar, um tempo para votar, um tempo para reivindicar, um tempo para o carnaval e um tempo para o futebol. Na vida há um tempo para tudo, e este mesmo povo que faz a copa e o carnaval acontecer saberá responder no momento certo aos desmandos das classes políticas dirigentes.
E para estes, a resposta dos eleitores poderá não ser tão favorável quanto a resposta que os brasileiros deram a Copa do Mundo da FIFA versão 2014 Brasil.


João Drummond


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