terça-feira, 28 de outubro de 2014

O que vale mais: um Batisti na mão ou dois Pizzolatos voando?

O tribunal de Bolonha na Itália negou extradição ao Brasil de Henrique Pizzolato, condenado a mais de 12 anos no processo do mensalão.
Não sei, porque me veio imediatamente à memória o rumoroso caso Batisti.  Na época, acusado de quatro assassinatos na Itália, Batisti entrou ilegalmente no Brasil, e teve sua extradição negada pelo ex-presidente Lula, após o STF ter dado parecer favorável à extradição.
Os especialistas divergem quanto à possibilidade da justiça Italiana dar, na primeira oportunidade, o troco ao que foi considerado um insulto ao povo italiano.
A fuga de Pizzolato do Brasil se deu forma espetacular após o STF ter emitido ordem de prisão contra o mesmo ao fim do famigerado processo. Pizzolato deu um chapéu internacional no Supremo, na policia federal e até na Interpol se mandando de passaporte falso para a Itália onde tem também cidadania reconhecida.
Ficou lá por todo este tempo comendo macarrão e pizza e dando uma grande banana para o governo e a justiça brasileira.
Preso na Itália recentemente por porte de documento falso, (passaporte do defunto irmão), Pizzolato conseguiu se beneficiar da decisão da justiça italiana que alegou sua dupla cidadania e o péssimo estado dos presídios brasileiros.
Dupla humilhação para o Brasil: não mandam o criminoso, e falam mal dos nossos presídios.
Quando o Brasil negou a extradição de Batisti ao pedido da Itália, jogou na privada e deu descarga, no tratado de extradição que assinara com a mesma em 1989.
O povo italiano deve estar agora sentindo o doce gostinho da vingança ao deixar o Brasil com cara de abestado aos olhos do mundo.
Muitos vão dizer que uma coisa nada tem a ver com a outra, mas não me sai da cabeça, vendo como julgam os juízes, desde os de primeira instancia até o Supremo, que primeiro eles decidem por razões pessoais e mesquinhas, e só depois vão procurar na constituição o capitulo e o artigo que lhes dê guarida na decisão.
Os italianos mandaram o recado. Não respeitamos mais o tal tratado e ainda falamos mal dos presídios brasileiros.
E eu me pergunto o que valerá mais agora para a justiça e para o governo brasileiro: um Batisti na mão ou dois Pizzolatos voando, (o homem vale por dois e tem que devolver o que roubou).



domingo, 19 de outubro de 2014

Eleições 2014 – Entre a espada e a Cruz


As eleições deste ano para presidência da república no segundo turno colocaram o eleitorado num dilema. Não existe uma alternativa: ou o fogo ou a frigideira.
Um amigo me dizia algo que expressa bem esta situação: “Nunca imaginei que estaria, na minha idade, (sessenta e poucos anos) decidido a votar no Aécio, mas não aguento mais o PT no poder”.
Desde que deixou de ser oposição e assumiu o governo há doze anos e PT se transfigurou.
De um partido de oposição aguerrido, baluarte da ética na politica, detentor a espada da justiça social, para um partido fragmentado em suas convicções, capaz de amealhar a escoria politica brasileira em nome da governabilidade, exatamente o que condena nos outros partidos.
Se de um lado o partido se vangloria da sua militância, que foi o diferencial em outras campanhas, o PT conseguiu cria contra si o antipetismo, que se opõe com unhas e dentes ao petismo radical.
Estes militantes funcionam como uma torcida organizada (um bando de loucos), apaixonados e desprovidos de espirito critico.
Tudo que criticam nos partidos de oposição atribuem a si como virtude.
Valem-se abusivamente de velhos jargões com a direita conservadora reacionária, as elites privilegiadas etc.
Não percebem que parte destas elites se refere a empresários que geram riquezas, pagam impostos e criam postos de trabalho. Alias não há aumento de empregos sem o aumento proporcional dos meios de produção e ampliação da base monetária.
Ou seja, não há emprego sem patrão, figura quase que demonizada pelas hostes mais radicais do PT.
Não se lembram, convenientemente que para o partido ganhar as eleições há doze anos precisou de uma aliança pragmática com o empresário mineiro Jose Alencar, proprietário da Coteminas, (seu vice à época), aliança esta que permitiu ao PT expandir seu eleitorado para além dos 20% que detinha até então e ganhar sua primeira eleição.
Nesta aliança, Jose Alencar avalizava o projeto politico do PT e ajudava a quebrar a desconfiança do mercado e de parte do eleitorado mais conservador.
O PT se vangloria de muitos feitos e façanhas que atribui a si exclusivamente, como os programas sociais, o aumento do numero de empregos, a maior distribuição de rendas, etc. Não menciona que pegou em contrapartida a estrada da economia já pavimentada para a implementação de seus projetos, por obra e graça de governos anteriores.
A corrupção é um capitulo a parte nesta história. Discute-se muito a corrupção do passado do PSDB e a corrupção atual do PT e seus aliados.
Nisto os dois grupos políticos não diferem a não ser pela cronologia dos fatos.
A verdade é que para os antipetistas depois de doze anos no poder, o PT já deu, (democracia não pressupõe da alternância de poder?).
São estes antipetistas que se somam hoje as fileiras de Aécio Neves, não por suas virtudes, mas como um instrumento para por fim a esta dinastia que se tornou nefasta, corrompida, corroída em seus ideais e princípios.
Para os partidos que chegam ao poder existe um alerta: toda corrupção pode ser castigada, e quem chegar lá sabe que os instrumentos de controle e repreensão de crimes de colarinho branco estão se aprimorando. Não dá mais para vacilar.
Contabilizando os pós e contras a questão Petrobras pode vir a ser fator decisivo nestas eleições, e pode custar caro ao PT e seus aliados o uso e abuso de seus recursos para fins políticos e de interesse pessoal.
A própria Dilma tardiamente reconheceu os desvios de recursos e de conduta na Petrobrás, (não tinha alternativa, o eleitorado não é burro).
Enfim esta eleição está em aberto e quem sair vencedor dela o fara por pouca margem votos e sabe que terá contra si uma oposição quase tão forte quanto o próprio governo. Aí sim a democracia terá cumprido seu curso mais virtuoso. Governo representativo e oposição robusta.


João Drummond


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