A Facada Mitológica e a Conspiração da Teoria
Um atento jornalista que
se diz isento e apartidário cria um video, onde, entre outras coisas se diz
preocupado com a falta de respostas das autoridades sobre a fatídica facada em Bolsonaro
que, sem sombra de dúvidas, mudou os rumos das ultimas eleições.
Preocupação esta que todos
compartilhamos, como também sobre outros eventos importantes que aconteceram no
Brasil ao longo da história e que nos mantiveram a todos, sob uma nuvem negra
de suspeitas, diante da falta de respostas plausíveis, e cito alguns: O
acidente de Ulisses Guimarães a morte de Tancredo Neves, a morte de Celso
Daniel, os acidentes que vitimaram Eduardo Campos e o ministro Teori Zavascki, o
assassinato de Mariele Franco.
Onde faltam respostas
sobram teorias. Mas no caso do video a que me referi o autor expressa esta
preocupação que é coletiva em um inquérito mais recente e que ainda não terminou
e muito menos foi arquivado.
Apesar de se dizer isento
sua linha de raciocínio, apoiada em vídeos de baixa qualidade e editado, revela
de imediato a sua orientação ideológica.
Quando vemos eventos
gravados em video (em movimento) a dinâmica é uma, mas quando selecionamos e
congelamos cenas é possível em função de expressões de frações de segundo, se
fazer leituras diversas dos eventos a partir destas cenas escolhidas e
congeladas.
No video o autor se lança
em conjecturas e suposições baseado em imagens de baixa qualidade, levando o
espectador desatento e já interessado em uma reposta determinada, a se
convencer ainda mais daquilo que o interessa.
Algumas destas suposições
que o autor nos sugere não podem ser vistas no video, ou pelos menos tão
claramente, por questões obvias e teríamos que conceder ao ele (autor da obra)
uma qualificação maior de ter visto este algo que ele sugere, talvez por contar
consigo com melhores imagens e equipamentos de maior qualidade.
Um exemplo claro desta tendência
que move o autor é ter transformado sinais de OK que Bolsonaro fazia para a
multidão, em aquiescência para a operação conspiratória em andamento, que ele
mesmo orquestrava. Outra é ter interpretado um sinal de desconforto que ele demonstrou
enquanto seguia montado no lombo de um apoiador, como sinal de antecipação da
dor que ele iria sentir, com uma facada iminente.
Isto nos leva a uma
pergunta crucial: Bolsonaro levou ou não uma facada? Sim porque entre estas
teorias conspiratórias, muitas defendem que ele nem sequer levou uma facada.
Se levou, salta à vista a
questão: Que cidadão candidato à presidência, casado, com mulher e filhos se submeteria
a uma facada aleatória com objetivos obscuros, sem ter a certeza que não seria
atingido em órgão ou artéria não vital a ponto de sobreviver para garantir seu
intento? Ou seria possível, naquelas circunstancia se controlar até mesmo o
ponto exato de entrada da lamina sem comprometimento da vida e do projeto político
do candidato?
O que vemos no video
original são falhas graves de segurança, já que Bolsonaro não esperava até
então ser vítima de um atentado.
O raciocínio levado a
termo pelo autor poderia muito bem seguir em outra direção, qual seja que a
conspiração seria na verdade, obra de opositores do candidato do PSL, já que as
únicas pistas oferecidas de seu conhecimento e aquiescência são os seus Oks para
a multidão e a expressão de desconforto quando, talvez o seu saco tivesse sido
comprimido contra o ombro do brutamontes que o carregava.
Se Bolsonaro não levou,
mas simulou a facada a coisa piora muito em qualidade como teoria conspiratória,
já que isto envolveria uma multidão de pessoas que participariam, como
figurantes de uma trama dantesca.
Apoiadores, seguranças,
policiais, imprensa, enfermeiros, paramédicos, médicos, diretores de dois
hospitais conceituados, teriam sido atraídos em reunião concorrida para
representar um papel em uma grande tragicomédia. Quem acredita nisto se encaixa
em três perfis, doutrinado, louco ou desonesto. Qual é o seu?
E o Adélio? Claramente
militante de esquerda, tido por muitos como maluco, por outros um convicto partidário
de uma ideologia e lobo solitário, e por outros mais o agente executor de uma
trama maior, como teria sido levado a participar de uma encenação que levaria o
candidato que ele odiava à presidência, e se manteria depois frio e seguro
diante de depoimentos às autoridades?
É claro que precisamos de
repostas a muitas questões sombrias e estranhas, mas creio que isto só será possível
depois do desaparelhamento ideológico que tomou conta de setores estratégicos e
importante do Estado Brasileiro nos últimos 13 ou 14 anos.
João Drummond
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