Quando
Renata Cavas falou em horário nobre a celebre frase: ...”É a ética do mercado”,
a galera respondeu: — oooooooohhhh!!!.
Mais
uma grande lei universal poderia ter sido descoberta. Desde que Copérnico propôs
que a terra seria apenas mais uma poeira cósmica e não o centro do Universo,
desde que Newton descobriu que a queda de uma maçã na cabeça produziria, não só
uma terrível dor de cabeça, mas também a teoria da lei de que “tudo que está no
alto pode cair”, e desde que Einstein, viajando em pensamento em um raio de luz
(o que ele tomou?), sugeriu que tudo era relativo, e que “nem tudo é o que
parece”, seria esta a maior descoberta do pensamento humano?
Só
o tempo dirá. Mas afinal Renata Cavas falou algo novo? Disse alguma grande
mentira? Maquiavel poderia perfeitamente ampliar o alcance destas sábias
palavras: “Esta é a ética da política, a ética dos bancos, a ética do direito,
a ética enfim do ser humano”.
Cavas
mostrou apenas que a distancia entre uma verdade singela, apregoada em prosa e
versos na surdina das alcovas e aquela aceita ostensivamente em frente a uma
câmera é o tamanho da propina.
A
ética assim como a democracia é uma utopia. Um pensamento proposto por algum
filósofo grego alcoolizado, que como um farol na escuridão, continua a brilhar
no futuro da consciência humana.
Na
prática e antes do advento das câmeras escondidas, a ética era aquela coisa que
dizíamos em alto bom tom como o fariseu em frente ao altar, mas que negávamos
às escondidas diante de nossos interesses pessoais.
Ou
seja, se eu estou faturando a ética do mercado está funcionando muito bem. Quem
não está satisfeito, ou se conforme com sua honesta incompetência ou se curve
ao bezerro de ouro.
A
ética do mercado é regulada pelo lucro que consegue promover. Quanto mais lucro
angaria, tanto mais ética é a empresa.
E
assim com o mundo absolutista, seguro, eterno balançou diante da proposição de Einstein,
as bases do mercado começaram a se mover buscando novo ponto de equilíbrio.
Empresas
investigadas, diretores e funcionários de confiança demitidos, verdades
absolutas mostradas pelas câmeras, negadas, neste festival de cinismo.
É
preciso rápido isolar o mau, que a reportagem da TV provocou e mostrar que
aquilo que foi mostrado é uma exceção.
Afinal
aquela ética de que falou Renata se referia apenas as empresas investigadas. O
mercado continua como sempre esteve com sua Ética a La grega preservada, acima
do bem e mal, se adaptando a estes novos tempos.
É
preciso se formar novos diretores e funcionários mais espertos e menos
faladores, e com um discurso bem treinado, com senhas mais seguras para negociar
propinas a céu aberto e mesmo diante de câmeras, e não mais nos
estacionamentos de Shoppings e nem nas “Quintas da Boa vista”.
Quem
sabe também tornar obrigatório o uso de detectores de câmeras para garantir a
lisura e segurança nos negócios.
Não
se deve de forma nenhuma mudar a dinâmica e os parâmetros dos negócios. Não se
deve instruir os funcionários e diretores a serem honestos e seguirem as regras
ditadas em lei e apregoadas aos quatro ventos.
Isto
seria uma conspiração contra o lucro, e um atestado de incompetência das
Empresas. Ganhar é mais importante que competir. Ganhar uma concorrência não é
uma opção, mas uma obrigação.
O
Mercado precisa urgente encontrar uma nova ética que resgate sua estabilidade e
credibilidade. E tem que ser uma Ética que resista bravamente até pelo menos ao
próximo escândalo.
João Drummond
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