Todas as vezes que
vejo a expressão “elite” pronunciada em discursos e escritas em textos, fico
matutando “que diabo é isto”. Quais são os parâmetros que determinam se uma
pessoa é ou não da elite.
Pesquisei a palavra e extrai
da Wikipédia o texto a seguir.
A palavra elite era
usada durante o século XVIII para nomear produtos de qualidade excepcional.
Posteriormente, o seu emprego foi expandido para abarcar grupos sociais
superiores, tais como as unidades militares de primeira linha ou os elementos
mais altos da nobreza. Assim, de modo geral, o termo 'elite' designa um grupo
dominante na sociedade ou um grupo localizado em uma camada hierárquica
superior, em uma dada estratificação social.
A teoria das elites
foi plasmada no pensamento de Gaetano Mosca, com sua doutrina da classe
política; Vilfredo Pareto, com sua teoria da circulação das elites, na qual
utiliza o termo 'elite' como uma alternativa ao conceito de classe dominante de
Karl Marx; Robert Michels, com sua concepção da lei de ferro da oligarquia.
Charles Wright Mills
utiliza o termo para referir-se a um grupo situado em uma posição hierárquica
superior, numa dada organização, dotado de poder de decisão política e
econômica. Robert Dahl descreve a elite como o grupo minoritário que exerce
dominação política sobre a maioria, dentro de um sistema de poder democrático.
Elite pode ser uma
referência genérica a grupos posicionados em locais hierárquicos de diferentes
instituições públicas, partidos ou organizações de classe, ou seja, pode ser
entendido simplesmente como aqueles que têm capacidade de tomar decisões
políticas ou econômicas.
Pode ainda designar
aquelas pessoas ou grupos capazes de formar e difundir opiniões que servem como
referência para os demais membros da sociedade. Neste caso, elite seria um
sinônimo tanto para 'liderança' quanto para 'formadores de opinião'.
Outra forma de
identificar uma elite é aproximando-a da categoria 'classe dirigente', ou seja,
um intelectual orgânico, tal como definido por Gramsci. Neste caso, a ideia de
formação da opinião pública é substituída pela ideia de construção ideológica,
entendida como a direção política em um dado momento histórico. Sob este
aspecto, a elite cumpriria também o papel de dirigente cultural.
Conclui-se daí que a
palavra é usada muitas vezes de forma indevida, aparentemente para designar
grupos ou classes privilegiadas, alienadas, exploradoras, abastadas, improdutivas,
consumistas.
Todos estes adjetivos
são atribuídos de forma leviana em discursos que apelam mais para a emoção que
para a razão.
Senão vejamos: Como
podemos adjetivar pessoas ou grupos sem conhecer sua verdadeira historia?
Como afirmar que
fulano ou beltrano seja parte da elite por que tem muito dinheiro?
No estado democrático e
de direito (não em regimes totalitários) qualquer pessoa pode prosperar em
todos os sentidos (não só no financeiro), de varias formas.
As pessoas podem
constituir patrimônio, conseguir diplomas, conquistar mandatos etc.,
trabalhando com honestidade e inteligência (às vezes com boa dose de sorte), ganhando
herança ou premio de loteria, ou mesmo cometendo crimes.
Não há na pratica
distinção entre povo e elite na medida em que um cidadão saindo de uma vida
escassa possa galgar degraus pelo seu esforço e se igualar em condição social e
financeira aos chamados mais abastados.
Muitos destes
herdeiros que integram estas elites são descendentes de pessoas que aqui
chegaram construíram seu futuro com trabalho digno e honesto. Coisa que qualquer
um de nós tem a oportunidade de conseguir se não nos rendermos à vida remediada
que os programas sociais nos impõem.
Nada contra os
programas sociais, desde que sejam usados como catalizadores de processos maiores
e não com meio de sobrevida.
Voltando a questão dos
parâmetros, para se definir quem faz parte das elites, pergunto: se uma pessoa
sai de uma vida de penúria para a prosperidade com seu trabalho ela passaria a
fazer parte automaticamente da elite?
Um trabalhador que
prosperou o suficiente para gerar empregos, rendas e impostos pode ser taxado
de elitista?
Um operário que sai de
uma vida miserável e consegue com muito esforço diploma de curso superior, e
uma vida confortável pode ser considerado da elite?
Um trabalhador que
saindo de Garanhuns de uma vida miserável e tenha conquistado o cargo de
presidente de um país, engrossaria esta fileira das elites?
A expressão é por si
muito vaga e subjetiva. Esta figura não existe na sociedade de forma tão clara
e evidente, a não ser no pensamento maniqueísta e ultrapassado de quem vive de
velhas teorias e de mundos extintos.
São tiranossauros do
pensamento moderno que exaltam a miséria como atributo do povo e demonizam a prosperidade
com privilégio das elites.
Não há diferença entre
povo e elite, mas há no caráter e na consciência dos homens. A linha que separa
supostamente estas classes é imaginaria, já que qualquer um pode cruzá-la com trabalho,
talento, sorte ou atividade criminosa.
Pessoas honradas e
honestas assim como bandidos e corruptos existem em todas as camadas sociais, e
o que define a qualidade de um caráter não é o bolso ou a bolsa, mas os princípios
que norteiam a consciência.
O que classifica o caráter
de uma pessoa ou de uma nação são seus valores e princípios, estes sim
determinantes na construção de uma sociedade mais justa e fraterna. Valores
este que ficam cada vez mais fora de moda.
João Drummond
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