Como
julgar com equilíbrio e serenidade quando milhares... milhões... Talvez bilhões
de olhos te observam, atentos... desconfiados?
Tachada
freqüentemente de morosa, arcaica, ultrapassada, legalista, formalista, mais um
sinônimo na contramão de seu julgamento histórico, lhe abastasse a pesada toga.
Mais
uma medalha de bronze se soma dentre outras para tornar esta veste tão pesada
que encurva os ombros de seus detentores.
Um
time de juristas renomados, eméritos na tarefa única de analisar as letras da
lei, em seu ultimo parâmetro, o Supremo carregou por muito tempo este perfil de
poder conservador, autocrático, defasado da realidade do dia a dia, que ajudou
a criar no Brasil conceito e escola: Brasil – o paraíso da impunidade.
Agora
que este poder avança audaz e ameaça figuras carimbadas da republica, lhe pedem
simplesmente que não joguem para a galera.
Justo
este povo que tem sido vilipendiado, traído, acossado pela Ordem e excluído do
Progresso que clama em nosso estandarte por uma sempre tardia utopia.
Onde
ouvimos “do povo, pelo povo, para o povo”? Onde foi dito que todo o poder emana
do povo e em seu nome será exercido?
Se
este povo tem sede de justiça e se revolta em muda regurgitação contra o poder
sinistro da corrupção, enfronhado até o pescoço na maquina do estado, como
julgar sem considerar sua voz?
Esquecem
estes senhores na sua arrogância que o executivo, o legislativo e o judiciário,
assim com a mídia (a guisa de quarto poder) são instituições da democracia e
meros empregados a serviço do cidadão que elege e paga impostos.
Se
o povo está faminto e anseia por justiça é justamente porque poderes elitistas
tem se apossado daquilo que lhes é de direito: a esperança, o sonho da nação
livre e soberana, as vagas promessas levadas pelos ventos da utopia
democrática, a cada nova geração, para um futuro incerto e desconhecido.
Como
lhes negar mais este direito? A de cobrar uma justiça mais audaz, célere e
firme que se dê ao respeito também entre os ladrões de gravata?
Se
o Supremo tem dificuldades em aplicar audácia e celeridade em seu trabalho,
como em toda a atividade humana a maestria vem com o exercício, isto porque
morosidade nunca foi sinônimo de justiça. A justiça que tarda é a maior das injustiças.
Está
evidente que nenhum julgador pode deixar de considerar a presunção de
inocência, mesmo que todas as provas nos dêem a certeza do dolo. Afinal se uma
imagem vale por mil palavras, nada que duas mil palavras não possam explicar de
outra forma.
Se
um delator entregou seu bando em troca de algum beneficio, ele pode estar
apenas mentindo mais uma vez, para levar vantagem.
O
que não pode é se deixar que todos os filmes e imagens, todas as palavras
cínicas, todos os delatores , todas as provas enfim se tornem em mais um
adereço a enfeitar a arvore de Natal de uma justiça de araque.
Julgar
com serenidade e equilíbrio sim, mas com a lentidão e a insegurança de um poder
caquético, esclerosado nunca.
De
qualquer forma os poderes constituídos, (entre eles o Supremo) não podem deixar
a margem da democracia de seu maior patrocinador e avalista. Não podem
desconsiderar o murmúrio da opinião publica, que ecoa através das mídias sociais.
João Drummond
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