“Um pequeno país em grave crise
financeira declara guerra aos Estados Unidos. Como perderão a guerra, seus
governantes receberão ajuda para se reerguer e, assim, seus problemas
econômicos terminarão. Desta forma 20 homens armados de arco e flecha pegam uma
barcaça, atravessam o oceano, chegam à América e tudo corre bem. Mas um
problema acontece: eles ganham a guerra”.
A Coréia do Norte protagoniza uma
nova versão desta comedia de 1959, que tinha entre seus principais personagens o ator Peter Sellers. Especula-se fartamente na mídia internacional quais
seriam as intenções reais do regime de Pyongyang com esta retórica que mais se
aproxima de bravatas gratuitas do que de ameaças pra valer.
A valentia ufanista do jovem líder
norte-coreano Kim Jong-um e de seus
generais corre o mundo na forma de ironias e sarcasmos, une gregos e troianos
contra si, e o coloca no topo da lista como o Estado mais esquizofrênico do globo.
Não que a Coréia do Norte não
possa promover algum estrago no perímetro de alcance de seus parcos e
rudimentares mísseis. A pergunta que não quer calar é o que aconteceria com ela
após seu primeiro tiro de pistola.
País de economia frágil,
dependente da benevolência e da caridade de outras economias mais robustas, que
hoje se mostram incomodadas com sua valentia falastrona e criticam de maneira
cada vez mais enfática seu destempero verbal.
Até para os críticos da política externa
americana, a Coréia do Norte tem ultrapassado todos os limites que dizem
respeito à comunicação socialmente aceitável e ao convívio suportável entre as
nações. Mesmo que tenhamos, por caridade que dar um desconto a sua paranóia, há
limites para o jogo de palavras, e um preço a se pagar por elas, ainda que não
redundem em ações praticas.
Ameaças contra as pessoas é crime,
o que se dirá de ameaças contra países. Algumas pessoas dirão que os exercícios
militares conjuntos dos EUA e da Coréia do Sul, também configuram ameaças claras
ao regime de Pyongyang, merecedoras de repostas a altura, ainda que estas
manobras respeitem os limites territoriais estabelecidos por leis
internacionais.
Persiste, no entanto a questão: o
que a Coréia do Norte pretende afinal, como objetivo pratico de sua retórica agressiva?
Acuar os Estados Unidos e seus aliados não é plausível, já que seu arsenal e
seus recursos logísticos não a habilitariam para uma campanha de médio e longo
prazo.
A resposta poderia estar na visão
míope e esquizofrênica do regime de Pyongyang, e numa avaliação equivocada dos benefícios
que poderiam advir para sua economia, como possíveis vitimas de uma guerra sem
eira nem beira contra os EUA, a Coréia do Sul e Japão. As mesmas razões que
levaram nossos vizinhos argentinos para a campanha contra a Inglaterra pela
conquista das Malvinas, e que levaram, com no filme, mencionado acima, o rato a
rugir, rugir até, quem sabe, ser devorado pelo leão, ou pela águia, (já que
diferente da ficção, ganhar esta guerra é impossível).
Existe também a possibilidade que
o estudo da psicologia nos trás a respeito da esquizofrenia. Esta pode sem
duvidas dotar as pessoas e os países de super poderes, até que sejam para sua própria
proteção e de terceiros, contidos em sua loucura pelas leis ou pela força das
armas. A que preço a Coréia do Norte poderá ser contida, é uma grande
preocupação para a comunidade internacional.
João Drummond
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