Quando
começou a recente campanha eleitoral Bolsonaro era mais um candidato dentre
tantos e com chances menores que a maioria deles.
Algumas coisas
aconteceram durante o processo que podem ser atribuídas ao imponderável e imprevisível.
Com partido pequeno,
poucos recursos financeiros, pouco tempo na TV, e um discurso frágil e
polemico, Bolsonaro, segundo prognósticos de entendidos, seria desidratado pela
sua própria atuação, considerada medíocre até então. Pensavam que ao ser
exposto, principalmente em debates, teria suas chances reduzidas naturalmente.
Um primeiro fato fora da
curva começou a mudar esta realidade. Um aloprado? Um louco? Um lobo solitário,
um agente executor de uma conspiração? Não dá para afirmar com certeza o que
representa Adélio Bispo.
O esfaqueador de
Bolsonaro saiu do anonimato com uma ação, que se tivesse atingido seu intento
teria tirado do páreo o representante mais obvio das direitas.
O plano não funcionou como
seu executor planejara, por questão de milímetros e minutos.
Logo a seguir Bolsonaro
subiu na intenção de votos ao ser transformado na única vítima da violência desta
campanha até então.
Logo seus opositores
trataram de defender a narrativa de que o capitão fora vítima de seu próprio discurso
de ódio. Se esta narrativa encontrou eco na esquerda não funcionou para o
cidadão que corre alheio a processo político e ideológico.
Enquanto Bolsonaro
crescia ao se tornar foco de discursões na mídia e nas redes sociais, o PT via
uma demora em Lula (líder predominante e ungido), em designar o representante
do partido nas eleições majoritárias.
E quando isto aconteceu,
com o fracasso dos advogados de Lula de conseguir sua participação nas eleições,
Haddad apareceu como candidato teleguiado, sem estrela e brilho próprio.
Este foi um segundo
grande erro da campanha da esquerda.
Mesmo assim o candidato indicado
por Lula cresceu rápido e parecia que ia vingar.
O movimento #EleNão
apareceu com uma pauta viável e parecia que seria um fator de peso mais contra
Bolsonaro do que a favor de Haddad, só que em termos de resultados se provou
ser um grande fiasco de marketing negativo. Não conseguiu abalar a campanha de
Bolsonaro e não favoreceu a campanha de Haddad, e a razão é que ao ser apossado
por partidos de esquerda, teve sua intenção inicial desvirtuada provocando
efeitos contrários ao pretendido, já que motivou movimento opositor e mais
substancioso.
A campanha de Bolsonaro
passou a contar com mais apoio entre o eleitorado feminino, que viu no #Elenão
uma campanha hipócrita e dissimulada a favor do candidato teleguiado por Lula.
Este foi o terceiro
grande erro da campanha da esquerda. A partir daí, com as redes sociais efervescendo,
Bolsonaro passou a agregar mais eleitores que entenderam que os pontos negativos
atribuídos a ele eram menores que estavam sendo atrelados ao candidato de Lula,
(corrupção, educação sexual de crianças nas escolas, o retorno da velha política
que comandou estes País nos últimos 13 anos com a consequente derrota da Lava
jato, dentre outras pautas).
Estamos na reta final das
eleições e qualquer resultado pode ser esperado. Seja qual for o resultado
Bolsonaro poderá se tornar, ou presidente do Brasil ou o maior líder da
oposição no caso de vitória de Haddad.
E isto poderá ser atribuído
mais a atuação desastrada da esquerda do que propriamente pelas qualidades de liderança
de Bolsonaro. Sua dimensão política e seu papel histórico terão então sido superdimensionado.
Se ele vai estar à altura
destes desafios só o tempo dirá.
João Drummond
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