Uma Visão Critica
Por João Drummond
Escrevo
este texto como jornalista e apoiador inicial do projeto que creio, possa ter
ainda um grande futuro pela frente e muito serviço a prestar à sociedade. O
faço ainda após pedir meu desligamento oficial da função consul, mas mantendo a
fé na idéia que o gerou.
Poetas
Del Mundo nasceu de uma idéia inspirada por Luiz Ariaz Manzo, poeta chileno,
que ganhou o mundo em movimento espontâneo com uma proposta singela: unir
poetas de todos os continentes em torno da poesia, numa conspiração branca pela
paz e por uma humanidade mais fraterna.
O
Chile talvez seja o berço da cultura mais evoluída e atuante do continente
sul-americano. No passado eu já tivera contato com outro chileno ilustre,
ninguém menos que Rolando Toro Arañeda. Rolando, já falecido, era natural da
cidade de Concepción, e foi o revolucionário criador da Biodanza, ou Biodança
como é conhecida no Brasil.
Trata-se
de uma técnica terapêutica que usa a dança e a musica em movimentos individuais
e/ou coletivos para promover desbloqueios emocionais do paciente, e lhe
conceder mais saúde e qualidade de vida a partir de cinco linhas mestras. Mas
isto é assunto para outro artigo.
Ariaz
Manzo me impressionou pela sua presença marcante, e apesar da pequena estatura
se impõe com uma força que emana de sua alma idealista e visionaria.
Escreveu
e publicou o Manifesto de Poetas Del Mundo que é uma peça literária de rara
beleza, que sintetiza toda a idéia central que gerou e fez prosperar o
movimento nos quatro cantos do mundo.
Logo
que conheci o movimento que era baseado num modelo de expansão através Redes
Sociais fui cativado pela idéia, e ao ser convidado pela Embaixadora no Brasil,
para ser consul por minha cidade, pensei finalmente que minha poesia poderia
prestar um serviço de maior alcance e utilidade.
Apoiei
o movimento com artigos e vídeos, e o divulguei em sites e blogs literários, participei
do encontro de Belo Horizonte e da construção do Manifesto de Poetas Del Mundo
de Minas Gerais (em forma de poema). Consegui carta de reconhecimento oficial
da prefeitura da minha cidade – Sete Lagoas – para o diploma de consul, (talvez
o primeiro a conseguir esta façanha), criei o blog do consulado de Sete Lagoas.
A
decisão de transformar o movimento em associação a partir da direção no Brasil
teve como objetivo dentre outros, institucionalizar o movimento para torná-lo
acessível aos recursos destinados aos projetos culturais.
E
assim como apoiei o movimento num primeiro momento de forma incondicional, me
vejo agora também, já fora de sua estrutura e como jornalista, no direito de
exercer uma visão critica sobre a Associação Poetas Del Mundo, mas dentro de um
prisma construtivo.
Se
esta visão vai ser vista de forma madura e ponderada, o que seria a aplicação
caseira da proposta de seu Manifesto Universal de unir e não dividir, de pregar
a paz e não o confronto, só o tempo dirá.
A
Associação ganha com a possibilidade de se produzir projetos culturais sob o
auspicio das verbas públicas e de parceiros capitalistas, mas o movimento perde
em sua singeleza e essência, que foi na verdade o grande catalisador de seu
crescimento espontâneo, pela adesão de poetas que se identificaram de imediato
com a idéia de Luiz Arias Manzo.
A boa vontade e o talento podem fazer muito
mais do que somente o dinheiro, a se considerar a idéia original do Manifesto
Universal de Poeta Del Mundo.
Entendo
também que quando se trata de poetas e escritores, não há como vingar uma
estrutura verticalizada e autocrática, já que estas pessoas são por natureza,
independentes e questionadoras.
A
não ser que para a Associação Poetas Del Mundo nesta nova estrutura só sirvam
os poetas mais alinhados e amenos, capazes de abrir mão de suas duvidas e
incertezas, em favos de títulos e diplomas.
A
transformação do movimento em associação pode até favorecer-lo na captação de
recursos, mas seu ideal se perde em favor dos interesses que gravitam em seu
entorno, e beneficiam na verdade uns poucos.
O
modelo de associação a partir da legislação brasileira engessa o seu
crescimento em escala mundial, coisa que com o movimento inicial se dava de
forma natural e espontânea.
A
intenção que colocou em marcha o movimento a partir do Manifesto Universal de
Poetas Del Mundo é simplesmente fulminada neste novo modelo, e basta uma
leitura rápida na obra de Ariaz para perceber que toda ela fica comprometida.
O
Manifesto se torna de fato numa obra vazia e sem sentido já que na associação
poetas de talento e a boa vontade perdem espaço para aqueles que com menos recursos
literários possam, no entanto possam bancar com seus custos.
O
Movimento Poetas Del Mundo perde a condição de idéia única e impar, capaz de
agregar e unir poetas de todos os continentes em favor da paz mundial e pela construção
de um mundo mais fraterno e justo.
Tarefa
esta que poderia ser levada a bom termo pelos seus milhares de associados e cônsules
cooptados de forma espontânea ao redor do mundo, e se torna em mais uma banal
associação cultural, que de pires na mão enverga seus ideais a favor de alguns interesses,
nem sempre tão nobres quanto se apregoa.
Infelizmente
mais uma grande idéia, que prometia uma revolução cultural branca e poética em
escala mundial é dominada e rebaixada pela força do capitalismo cultural.
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