A
vida do PT se confunde com a do presidente Lula desde a sua fundação até os
dias atuais. Daqueles petistas históricos, que participaram da sua fase
embrionária, poucos permanecem no partido em seu formato atual, já bastante transfigurado
em relação ao PT original.
O
PT perdeu suas grandes bandeiras e hoje se debruça melancolicamente em causas
que nada tem a ver com aquelas que o tiraram de seu nicho inicial e o lançaram
no epicentro da macro política nacional.
De
um partido que lutava pelas causas democráticas e sociais, e que num inspirado
rompante de ousadia, ultrapassou as fileiras de suas militâncias mais fanáticas
para ganhar a confiança e o objeto de esperança da maioria do povo brasileiro,
o partido se debruça hoje em uma política medíocre, que visa, pela retórica
complexa e confusa defender algumas de suas lideranças decaídas.
O
partido não se mostrou sensível a este ponto quando defenestrou de suas
fileiras membros mais independentes e dignos que já notavam o seu desvio histórico
e o lodaçal onde ele submergia e sucumbia aos primeiros escândalos anunciados.
Só
para citar alguns destes petistas notáveis que saíram levando com eles, em
nacos consideráveis, a credibilidade e dignidade do partido:
Ex-ministra
do Meio Ambiente no governo Lula, Marina
Silva deixou o PT em agosto de 2009 afirmando ir "em busca de um
sonho". Na época de seu desligamento da legenda, ela comunicou a decisão
por telefone ao então presidente do PT, Ricardo Berzoini, e entregou uma carta
em que justificou sua saída.
"Tenho
a firme convicção de que essa decisão (de deixar o PT) vai ao encontro do
pensamento de milhares de pessoas no Brasil e no mundo, que há muitas décadas
apontam objetivamente os equívocos do partido.
Cristovam Buarque foi ministro de Lula. No início de 2004, deixou a
pasta da Educação ao ser demitido por telefone pelo então presidente.
-
Eu não saí do PT, foi o PT que saiu de mim. Este é o grande crime do PT. O
partido é de gente honesta, mas acomodada. A corrupção é de alguns petistas -
disse na época o senador.
Heloísa Helena não saiu da legenda por conta própria. Foi expulsa da
sigla em 14 de dezembro de 2003 junto com outros companheiros, como Babá e Luciana Genro, por não
concordarem com as decisões do PT e se voltarem contra elas. Juntos, eles
criaram o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). O deputado Chico Alencar, também ex-petista,
filiou-se à nova sigla.
O
mesmo caminho foi repetido por Plínio de
Arruda Sampaio, um dos fundadores do PT. Ele foi, inclusive, o autor do
estatuto do partido. Por não concordar com o rumo político do PT, desligou-se
do partido no fim de 2005 para ingressar no PSOL.
Outro
fundador do PT a deixar o partido em 2005 foi Hélio Bicudo. Vice-prefeito de São Paulo de 2001 a 2004, durante a
gestão de Marta Suplicy, ele veio a público ano passado declarar apoio à Marina
Silva no primeiro turno. No segundo turno, apoiou José Serra (PSDB).
E
não foi o único. Fernando Gabeira,
atualmente no PV, também ficou ao lado do tucano na eleição presidencial. Ele
deixou a sigla em 2003 por discordar da política ambiental do governo Lula. Também
ex-membro do PT, Soninha coordenou a
campanha de Serra na internet. Agora, ela faz parte do PPS.
Outro
importante membro do partido, Frei Beto expressa
no livro A Mosca Azul, sua decepção e desilusão com os rumos tomados pelo PT
após sua ascensão ao poder.
Afinal
o que defendem hoje seus fanáticos serviçais e adeptos? Quais importantes estandartes lhes servem em sua ideologia distorcida e diluída nas poluídas
teorias dogmáticas que abrem mão da ética, e dos valores que rezam em seu
próprio estatuto?
Apregoam
estatísticas e números para defender a qualidade de sua política, como se tais
argumentos lhes oferecem salvo conduto para agir acima e alem da lei e da
ordem.
Usam
seus programas sociais como meio de convencimento e chantagem, diante de um
povo fragilizado em seus meios de sobrevivência e informação.
Os
resultados de sua política são uma grande conquista de um povo que vota e
trabalha, e o PT em determinado momento teve nela seus méritos. Mas os
retrocessos em sua visão ideológica só não são percebidos por partidários mal
intencionados ou ignorantes, ou mesmo por aqueles que em seu fanatismo, se
tornaram imunes a uma visão mais critica a respeito de sua trajetória política.
Com
a derrocada física e política de Lula a quem ficará o encargo de conduzir o PT
em seu futuro próximo? Qual líder petista terá a difícil missão resgatar sua
memória, imagem e ideologia original?
Ou
o PT se tornará a mesma massa disforme que vitimou o PMDB depois de Ulisses
Guimarães. Um partido gigantesco em tamanho mas minúsculo em sua missão e propósito, mais preocupado em empregar seus partidários e defender membros
condenados de forma justa e legitima por crimes variados contra as leis do
Brasil.
João Drummond
Meu caro amigo João Drummond
ResponderExcluirA quem iremos nós? Acabei de me filiar ao PT. Meu pai Antonio Mário dos Santos, falecido a 17 anos foi minha inspiração.se vivo estivesse não sei qual seria sua reação diante da situação. ele fez parte desses sonhadores utópicos que acreditavam ser possível fazer diferente.
E agora José???