Pensando
bem...pensar dá trabalho. Desde o advento do poder do pensamento positivo, sob os auspícios do Dr. Dale Carniege
e posteriormente do seu discípulo brasileiro, o Dr. Lair Ribeiro, tenho feito o
exercício, todo santo dia ao acordar, de repassar mentalmente as tarefas por
resolver a curto prazo, e antes de dormir, um balanço positivo do que foi
resolvido efetivamente naquele dia. Dedico-me também nestes entre - espaços a
viajar na maionese dos meus sonhos.
Pensamos
sempre com metas de curto, médio e longo prazo, com o objetivo de alcançarmos
as sonhadas prosperidade e felicidade.
Vez
por outra estes pensamentos tão bem dirigidos, são atacados e vencidos por
idéias degradantes e pensamentos negativos, estes pequenos invasores vindos,
sabe Deus de que tempo e lugar.
Talvez
de nossos arquivos mentais ou de alguma radio transmissora de alta freqüência,
quem sabe operada da outra dimensão, pelo mal afamado Murphy, propositor da
famigerada lei que leva o seu nome.
Mesmo
com todo o poder do pensamento positivo, nestes tempos cabeludos, a Lei de
Murphy acaba por prevalecer, em muitas destas tentativas de resolver problemas
do cotidiano, e de construir os planos para o futuro.
Enquanto
penso nas vendas por fechar, lembro-me do sócio rabugento dizendo que se não
vendermos mais a firma vai quebrar.
Quando
me vejo sobre Mediterrâneo, pilotando meu próprio avião, no noticiário estão
dizendo: subiu o preço do feijão.
Num
momento estou fazendo planos para a minha futura vida milionária, logo minha
mulher me lembra que tenho que comprar remédio para infecção urinaria.
Estou
me vendo nas férias, esquiando nas montanhas nevadas de Bariloche.
─
Porque você não passa as férias em Pirapama? Meu filho ensaia em deboche.
Em
outro momento estou caminhando pelas praças e ruas de Paris.
Minha
filha me pede para comprar remédio para entupimento de nariz.
Quando
estou fazendo as contas para comprar ações da Aracruz, minha mulher me lembra
que tenho que pagar a conta de luz.
Estou
velejando no meu iate milionário. Diz a empregada que deu cupim na porta do
armário.
Em
meus sonhos levo uma vida bem sucedida e agitada. Alguém grita para chamar o
bombeiro porque entupiu a privada.
Estou
pensando em voz alta sobre os planos para comprar um carro importado. Minha
mulher me interrompe: ─ Mas antes vá até mercearia e me traga palmito enlatado.
Em
momentos de baixo astral, percebemos que nossos grandiosos sonhos são sabotados,
ainda na prancheta do imaginário, pelos pequenos e inconvenientes problemas do
cotidiano.
Nossa
muralha de otimismo e atitude positiva, construída com horas e horas de
meditação e reflexão, às vezes ameaça desabar, diante destes dissabores do dia
a dia, que como os cupins na porta do armário, tentam sem descanso nos levar a
derrocada final.
Já
ouvimos mais de uma vez que não devemos nos levar muito a serio, e que uma de
nossas maiores habilidades, quanto sobreviventes, é sabermos rir de nós mesmos.
Neste
processo de refluir do pensamento vamos aprendendo que sonhos são apenas sonhos
e que podem se realizar ou não. Aprendemos também a desmistificar algumas
crenças que desenvolvemos desde cedo, a respeito de sucesso, prosperidade,
felicidade, poder e status.
Entre
estes pensamentos conflitantes tão bem representados por mestres como Dale
Carniege, Lair Ribeiro, e Murphy, e as experiências do cotidiano, entremeadas
pelos sonhos e utopias vamos construindo um modelo que é só nosso.
É
com estes modelos pessoais e exclusivos que acreditamos um dia arrogantemente,
podermos mudar o mundo, e no final refluímos para objetivos mais modestos, como
mudarmos apenas a nos mesmos, nos tornando pessoas melhores a cada dia.
Quem
sabe fazendo com que, alem das nossas cinzas e heranças, nossas idéias nos
sobrevivam alem, muito alem, do poder, do status e da gloria pessoal que
poderíamos conquistar ou ter conquistado. Talvez até fazendo a diferença para
alguém que realmente precise delas, quando estiver a atravessar o mar revolto e
turbulento de seu próprio pensamento.
João Drummond
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