O
espetro partidário já foi mais bem definido no passado. Ainda no tempo de
triste memória da ditadura tínhamos de um lado a ARENA, partido da situação, e
de outro MDB a oposição confiável e permitida pelos coronéis e marechais.
O Brasil teve um período bipartidarista durante
12 anos, entre 1966 e 1979, quando havia
apenas a Aliança Renovadora Nacional(ARENA) e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Oficialmente, o Ato Institucional Número Dois (AI-2), decretado em 1965, permitia a
fundação de outros partidos políticos, mas criava pré-requisitos (como a
exigência de 20 senadores e 120 deputados federais para se fundar um novo
partido), o que na prática impedia a existência de mais do que duas agremiações.
Vivíamos
o bipardarismo pleno. Com o avanço do processo de democratização no país
chegamos ao pluripartidarismo que evoluiu para o modelo que conhecemos hoje.
Este
espectro ideológico vai ficando cada vez menos definido e mais nebuloso, uma vez
que os programas partidários, as ideologias, os discursos vem sendo atropelados
por praticas que não se diferenciam dentre os partidos.
Não
há mais nenhum pudor ao se compor alianças e a mais recente para a prefeitura
de São Paulo escancarou esta tendência. Ver Lula e Maluf lado a lado apoiando
Haddad, teria sido mais constrangedor em outras épocas.
Os
projetos de poder passaram a ser mais importantes do que projetos de governo. Estes
discursos sobre direita e esquerda, conservadores e progressistas etc, cheiram
a ingenuidade ou a cinismo de torcedores fanáticos que não perceberam estas
mudanças e se apegam ferrenhamente ao passado
Outro
fato importante que bem exibe o enfraquecimento dos partidos é que o eleitor
vota cada vez mais nas pessoas e menos nas siglas.
Estas
se tornaram em componentes de uma sopa rala e sem gosto que colocadas juntas
num mesmo cadeirão enganam aos militantes e partidários, mas não tem nenhuma
serventia para o eleitor desmotivado e descrente.
Esta
coisa de falar em elites conservadoras, partidos da mídia, forças
revolucionárias, esteve na ordem do dia nos tempos de Guevara. Hoje este
linguajar é ridículo.
Acho
até que o PT ao assumir o poder cumpriu com seu papel histórico e com mais
competência que partidos que o antecederam. Mas o PT não é mais o PT, aquele
partido forjado nos sindicatos, nos núcleos eclesiais de base, na militância
aguerrida. O PT com o poder ganhou também o topete, os vícios e os tiques
nervosos daqueles partidos que ele tão bem se confrontava politicamente.
Atribuir
a condenação de lideres decaídos do PT a uma conspiração das elites
conservadoras contra o avanço das forças de esquerda, está bem ao feitio destas
belas adormecidas do PT original, que continuam em seu sono eterno nos braços
do Frankenstein que o PT atual se transformou.
A
corrupção deve ser combatida com vigor seja de que partido for originaria, e
esta sim é uma luta atual.
Assim
como passaram a ARENA e MDB, assim como teve sua vez o PDS, o PMDB, o PSDB,
assim também o PT está passando para dar lugar a algo novo, e que traga mais alento
para este cidadão que tem na pratica política limpa e transparente uma
aspiração mais atual e realista.
A
luta contra a corrupção em todos os campos da atividade humana: esta sim está
na ordem do dia, e não é preciso ser da elite conservadora e nem do partido da
mídia para afirmar isto, mas apenas mais um que crê que a prosperidade que
serve a todos vem do trabalho honesto, árduo e produtivo. E nenhuma teoria da
conspiração vai mudar isto.
João Drummond
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