Alguns
países são conhecidos como paraísos fiscais, pela legislação que favorece o
aporte de capitais sem identificação de origem e natureza. Ilhas Cayman, Ilhas
Jersey dentre outros entraram definitivamente nos noticiários relativos à
corrupção envolvendo política e capital.
O
Brasil vem sendo chamado de paraíso da impunidade, pelo fato de contar com uma
legislação branda e um judiciário ineficiente e lento, capaz de acolher
generosamente uma infinidade de recursos, lançando para um futuro incerto e
desconhecido as batidas definitivas do “martelo judicial”.
Parece
que para alguns tipos de crime o “transito em julgado” é uma ficção. Vivemos
desta forma um paradoxo. Presídios e cadeias sempre abarrotados, apenados
andando livremente pelas ruas e processos judiciais sendo corroídos por traças
e mofo nos depósitos de fóruns.
O
Brasil inventou o “jeitinho brasileiro” de resolver seus problemas, e esta
busca de atalhos, este empurrar com a barriga ganhou tradição e escola a partir
da nossa viciada política.
A
política é um marcador importante da vida de uma nação. A partir dela se gera
soluções publicas e exemplos coletivos. Tradicionalmente a ética não tem sido o
forte de nossa política, mesmo quando o Brasil colônia já ensaiava seu vôo solo
e construía sua identidade como Nação.
A
flexibilidade ética não é uma prerrogativa de nenhum partido em especial, mas
da política como um todo. O sistema é podre de nascença.
Mesmo
partidos que tem a ética como bandeira, só a utilizam como tal e não como uma
norma de conduta. Discute-se muito entre estes partidos qual corrupção é melhor
ou pior, como se corrupção pudesse ter graduação e qualidade diferenciada.
Talvez
o grande diferencial destes nossos tempos seja que está cada vez mais difícil
se manter escondido o mal feito.
Se
de um lado as câmeras e os celulares prosperam com testemunhas eletrônicas,
inquestionáveis (nem sempre aceitas pela dona justa), a sensação de banalização
do crime, próspera também num entorpecimento na consciência coletiva, que acata
cada vez mais a tese de que o crime é tão comum e banal quanto inevitável.
Vem-me
a memória a celebre frase do Barão de Itararé: “Ou se restaure a moralidade ou
nos locupletemos todos”.
Diante
deste “abalo na força” Não há Luke Skywalker nem Gedi, muito mesmo espada de
fogo que salve a republica das bananas.
A
tentação é grande e as chances de se prosperar no ilícito são consideráveis, a
ponto de quebrar no sujeito trabalhador honesto suas convicções sobre o
trabalho duro e paciente para se ganhar a vida.
Dentro
deste pacote de maldade que vivemos “quem poderá nos defender?”. Quem sabe o
Chapolim Colorado, ou alguns destes heróis das limonadas televisivas, que nos
mantém entretidos em universos paralelos de honra e inocência, nos livrando por
breves momentos de nossos quebra-cabeças existenciais e de questionamentos na
maioria das vezes inúteis e infrutíferos, como este artigo por exemplo.
O
Supremo já demonstrou varias vezes que, como guardião da constituição, não tem
vocação de ousadia e coragem para restaurar aquela moralidade a que referia o
Barão de Itararé.
Dentro
da estrutura da republica seu papel esta muito mais para endossador e
homologador dos desvios de conduta, ao interpretar de forma conservadora e
cautelosa as letras da lei.
Ao
se valer desta cautela excessiva pecam pelo outro lado, na demora da aplicação
do remédio legal.
Neste
meio tempo muitos resolvem se arriscar na segunda opção oferecida pelo Barão,
se locupletando como podem, deixando este negócio de ética para os heróis dos
programas infantis.
João Drummond
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