terça-feira, 21 de maio de 2013

Quem tem medo de Joaquim Barbosa?



Durante palestra proferida para alunos em universidade de Brasília, algumas falas do Ministro Joaquim Barbosa, presidente do STF, repercutiram na mídia e calaram fundo no congresso.
Mesmos sendo amenizadas depois, em nota oficial do STF, as “verdades” proferidas pelo ministro continuam a ecoar entre a opinião publica, como alerta e um ponto de reflexão sobre nosso ultrapassado e frágil sistema político.
O mais incrível desta historia é que Joaquim Barbosa não disse nenhuma novidade e nenhuma inverdade. Mas como a verdade dói!!!
“O Congresso Nacional é dominado pelo executivo”.
“Temos um congresso de mentirinha”.
“A política partidária é mais estomacal que ideológica”.
“Puxadores de voto elegem, por formação de coeficiente eleitoral, políticos aventureiros e sem representatividade popular”.
“Partidos políticos, no congresso não tem identificação com o povo”.
“A nossa macro política á pulverizada num amontoado de siglas sem caráter e sem ideologia”.
Estes e outros conceitos estão presentes no pensamento popular, e são ditos e repetidos exaustivamente pelo cidadão, dentro da péssima avaliação que ele faz da política e dos políticos.
As palavras de Joaquim Barbosa, proferidas em ambiente universitário, com o intuito de promover o debate e instigar o espírito critico, cumpriram o seu propósito. Não dá para supor que ao dizê-las, o ministro não imaginasse que elas extrapolariam, os limites do auditório e ganhariam a mídia como uma critica direta ao congresso, aos políticos e ao executivo.
Supor também que este seja um pensamento exclusivo e solitário do ministro Joaquim Barbosa é apostar na ingenuidade. Muitas verdades, para serem ditas precisam de vozes corajosas e de notória credibilidade. E ainda que sejam depois minimizadas ou mesmo desmentidas, continuam conduzir seu conteúdo e promover debates e polemicas.
As verdades doem e incomodam, mas devem ser ditas e caberá sempre a alguém, considerado inconveniente e dissonante a tarefa ingrata. A reforma política no Brasil se mantém ha décadas em compasso de espera, como um defunto enterrado em cova rasa.
O problema é que sua solução passa necessariamente por cortes profundos na carne do congresso, e a não ser que a sociedade cobre com a devida força, esta questão estará sempre sendo lançada para o próximo exercício... e o próximo... e o próximo.
Para o bem da nossa democracia, é crucial que outras vozes corajosas e inconvenientes se somem a do ministro Joaquim Barbosa, numa cruzada que, a exemplo de outras de mesma envergadura, do nosso passado remoto e recente mudaram a cara do Brasil.
Por isto tudo, Reforma política já. Assim como um dia tivemos:
(Independência do Brasil - Proclamação da Republica – Abolição da escravatura - Direitos políticos das mulheres - Luta contra a ditadura - Diretas para presidente – Combate a corrupção etc.).


                                                    João Drummond 

sábado, 11 de maio de 2013

Pátria Amada, Brasil! (do melhoral ao estomazil)




Vivemos um tempo de poucas certezas, muitas dúvidas e milhares de polemicas. Já me vangloriei um dia de ter aquela velha opinião formada sobre tudo, mas me lembro também de ter dito em outra oportunidade, que preferia ser uma metamorfose ambulante.
Hoje não sei mais. Está tudo tão estranho, diferente. Antigamente, se você tinha uma dor de cabeça, nada que um melhoral não resolvesse. Hoje, antes de tomar um comprimido banal, é preciso saber primeiro se é gripe ou dengue. Os sintomas são muitas vezes parecidos, e as duas podem matar.
Antigamente, crianças de 15 ou 16 anos jogavam bola nas ruas, hoje assaltam, estupram e matam. Não que eu seja saudosista, mas aqueles tempos me parecem, visto sob a ótica atual, mais simples e fáceis de serem vividos.
O padre ou pastor celebravam missas, dirigiam cultos, hoje arrecadam dinheiro dos fieis para sustentar seus vícios e regalias, isto sem falar na pedofilia.
O policial protegia a sociedade, prendia bandidos, promovia a lei e a ordem, hoje compete em gênero, numero e grau com a bandidagem, e pior resguardado pela farda e financiado com as verbas do contribuinte.
Político que se prezasse estava acima de qualquer suspeita e palavras como honra e ética tinha um significado real e factível, hoje não passam de clichês de campanha.
Temos que nos apressar e tomar posição sobre algumas questões polemicas como: maioridade penal, aborto, união homo, pena de morte, eutanásia, internação compulsória, progressão de pena, divórcio, descriminalização das drogas, cota racial, homofobia, liberdade de expressão, lei seca, etc.
Tá difícil.  Não dá para simplesmente dizer “pare o mundo que eu quero descer”. Os ladrões de antigamente só roubavam e iam embora, já os de hoje roubam, estupram, matam e vão embora, tudo sob os olhares banais das câmeras eletrônicas. Sabem eles que diante de falta de vagas em presídios e da morosidade da justiça logo estarão de novo na ativa, principalmente se forem menores. O ideal e serem menores de idade, maiorais no crime e gigantes em maldade.
Até mesmo os juízes da suprema corte podem ser questionados pelos bandidos, bandoleiros e mensaleiros que eles condenam.
Todas as certezas caíram por terra, já que, como Einstein apregoava, “tudo é relativo”.
Ninguém mais assume responsabilidades por seus atos, uma vez que frases vazias como: sou inocente, não sabia, ou eu não estava lá, ganharam força de lei.
Antes o crime era uma exceção. Hoje, para não fugir à regra geral até na Internet a bandidagem come solta. É vírus que não acaba mais para todos os gostos e desgostos. Alguns e-mails chegam a ser ridiculamente repetitivos. Todo santo dia eu ganho milhares, milhões de dólares de falsas loterias internacionais, dezenas de adivinhos ou médiuns tem todas as respostas sobre o meu futuro. Isto sem que eu pergunte nada.
E-mails misteriosos chegam me oferecendo remédios para ejaculação precoce, ou falta de ereção. Falsas mensagens de bancos avisam que tenho que atualizar o dispositivo, ainda que eu não tenha e nunca tenha tido conta no tal banco.
A justiça, em sua cautela máxima como operadora do direito, exerce diuturnamente as maiores injustiças, já que arremessa para futuro incerto e desconhecido o ultimo bater do martelo. (haja recursos).
Temos duvidas se vivemos num estado democrático de direito ou numa terra de ninguém, sem lei e sem ordem. (Ordem e Progresso é nosso lema). É de embrulhar o estomago.
Ao fim de um dia de trabalho árduo, de ter pagado todos nossos impostos e de ter assimilado todas as informações que nós cidadãos temos por direto e dever, haja estomazil para engolir e digerir o que um dia foi uma Pátria Amada, e hoje não passa de simplesmente um país chamado Brasil, a terra em que se plantando tudo dá, e onde o crime cresce e floresce como erva daninha. 

                                                                 João Drummond


quarta-feira, 1 de maio de 2013

Repensando a Família (Entre o Encontro e o Abandono)


Fala-se muito, nestes conturbados tempos, na falência e dissolução da estrutura familiar, como o principio e a causa de muitos problemas que a sociedade enfrenta hoje, (violência, drogas, filhos abandonados, gravidez indesejada etc.)
Este é um tema recorrente de interesse geral e de natureza genérica, mas como vivemos todos enfronhados em uma teia social, e as questões particulares são peças do quebra-cabeça coletivo, tomo a liberdade de me reportar às experiências particulares como matéria prima deste artigo, que pode ser considerado, ao mesmo tempo uma reflexão e um alerta.
Sou um dos catorze irmãos de uma destas unidades familiares a que me referi, e me considero um sujeito privilegiado.
Convivendo com todos os problemas que toda família enfrenta, vi a minha própria enfrentando suas cotas de crises e turbulências, mas como algumas outras, e diferente de muitas, saindo fortalecida delas.
Assisti desde a minha infância, o nosso barco familiar, passar por tempos de bonança e de tormentas, navegando hora em mar de brigadeiro, hora se mantendo acima da linha d’ água como por milagre.
Recentemente comemoramos o 85º aniversario da minha mãe e pude perceber claramente a dimensão de nossas conquistas na construção de um modelo familiar ao mesmo tempo flexível e sólido, capaz de crescer e prosperar em tempos de vacas gordas e de resistir e se adaptar em valores e referencias nos tempos de crise.
Todos os irmãos, muitos netos e alguns bisnetos, alem, é claro, de outros parentes e amigos numa comemoração, que ultrapassou a sua intenção. Podemos afirmar que este evento representou de forma ampla a celebração da própria vida, com toda sua diversidade e complexidade.
Neste ponto de nossa jornada cabe uma indagação: Quais são os pilares que permitem a forja e a sustentação de uma família bem estruturada?
Eu diria que são, dentre outros, valores com integridade, honestidade, honradez, humanidade etc., considerados por muitos, como antiquados e descartáveis, dentro da celeridade e do praticismo que a vida moderna se nos impõe.
Enquanto eu digeria os alimentos orgânicos e psicológicos daquele encontro familiar, e para contraponto das minhas teses, (como a vida é sabia!!!), continuando na linha de raciocínio do particular para o geral, o Ivan, meu filho, que hoje mora e trabalha em São Paulo, me ligou naquela madrugada, assustado dizendo que um grupo de adolescentes de 13, 14, 15 anos havia invadido o prédio em que morava e agredido violentamente um companheiro seu.
A seguir deu detalhes. Aquele grupo de jovens eram moradores de blocos de apartamentos vizinhos, que ficavam a noite nas redondezas, usando drogas e cometendo pequenos assaltos.
A tentar assaltar o tal companheiro que voltava do trabalho, agrediram-no e atiçaram a ira de outro amigo, que com uma faca passou a desafiar o grupo.
Este grupo foi ao seu encalço e invadiu a garagem do prédio para agredi-lo. Todo mundo terminou aquela noite na delegacia.
As perguntas: Como um grupo de jovens (meninos e meninas) poderiam permanecer na rua até tarde, usando drogas e onde estariam suas famílias para educá-los e conte-los?
As respostas a estas questões podem ser as mesmas, ou estar próximas das questões sobre a violência e perversidade crescentes que observamos, como sintomas de uma grave doença social, em que somos a um só tempo, vítimas e algozes.
A falta de valores e referencias está nos levando a clara falência do nosso modelo social a partir da falência da estrutura familiar. Onde é que nós como seres humanos e sociedade estamos falhando?  Quais os valores que deixamos para trás, como ultrapassados que temos agora que resgatar?
Talvez, só talvez, quem sabe? (já que sonhar não custa nada) as respostas estejam nos encontros familiares singelos, onde as diferenças, os ranços e as magoas cedam lugar à maturidade e ao compartilhamento.
A alternativa é sombria. Grupos ou tribos que se unem nas ruas e praças para comemorar a degradação e selvageria, quando seus lares fracassaram na tarefa de acolhê-los, protegê-los e lhes impor limites.

                                                                            João Drummond

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