sábado, 15 de novembro de 2014

As Elites e o Povo

Todas as vezes que vejo a expressão “elite” pronunciada em discursos e escritas em textos, fico matutando “que diabo é isto”. Quais são os parâmetros que determinam se uma pessoa é ou não da elite.
Pesquisei a palavra e extrai da Wikipédia o texto a seguir.

A palavra elite era usada durante o século XVIII para nomear produtos de qualidade excepcional. Posteriormente, o seu emprego foi expandido para abarcar grupos sociais superiores, tais como as unidades militares de primeira linha ou os elementos mais altos da nobreza. Assim, de modo geral, o termo 'elite' designa um grupo dominante na sociedade ou um grupo localizado em uma camada hierárquica superior, em uma dada estratificação social.
A teoria das elites foi plasmada no pensamento de Gaetano Mosca, com sua doutrina da classe política; Vilfredo Pareto, com sua teoria da circulação das elites, na qual utiliza o termo 'elite' como uma alternativa ao conceito de classe dominante de Karl Marx; Robert Michels, com sua concepção da lei de ferro da oligarquia.
Charles Wright Mills utiliza o termo para referir-se a um grupo situado em uma posição hierárquica superior, numa dada organização, dotado de poder de decisão política e econômica. Robert Dahl descreve a elite como o grupo minoritário que exerce dominação política sobre a maioria, dentro de um sistema de poder democrático.
Elite pode ser uma referência genérica a grupos posicionados em locais hierárquicos de diferentes instituições públicas, partidos ou organizações de classe, ou seja, pode ser entendido simplesmente como aqueles que têm capacidade de tomar decisões políticas ou econômicas.
Pode ainda designar aquelas pessoas ou grupos capazes de formar e difundir opiniões que servem como referência para os demais membros da sociedade. Neste caso, elite seria um sinônimo tanto para 'liderança' quanto para 'formadores de opinião'.
Outra forma de identificar uma elite é aproximando-a da categoria 'classe dirigente', ou seja, um intelectual orgânico, tal como definido por Gramsci. Neste caso, a ideia de formação da opinião pública é substituída pela ideia de construção ideológica, entendida como a direção política em um dado momento histórico. Sob este aspecto, a elite cumpriria também o papel de dirigente cultural.

Conclui-se daí que a palavra é usada muitas vezes de forma indevida, aparentemente para designar grupos ou classes privilegiadas, alienadas, exploradoras, abastadas, improdutivas, consumistas.
Todos estes adjetivos são atribuídos de forma leviana em discursos que apelam mais para a emoção que para a razão.
Senão vejamos: Como podemos adjetivar pessoas ou grupos sem conhecer sua verdadeira historia?
Como afirmar que fulano ou beltrano seja parte da elite por que tem muito dinheiro?
No estado democrático e de direito (não em regimes totalitários) qualquer pessoa pode prosperar em todos os sentidos (não só no financeiro), de varias formas.

As pessoas podem constituir patrimônio, conseguir diplomas, conquistar mandatos etc., trabalhando com honestidade e inteligência (às vezes com boa dose de sorte), ganhando herança ou premio de loteria, ou mesmo cometendo crimes.
Não há na pratica distinção entre povo e elite na medida em que um cidadão saindo de uma vida escassa possa galgar degraus pelo seu esforço e se igualar em condição social e financeira aos chamados mais abastados.
Muitos destes herdeiros que integram estas elites são descendentes de pessoas que aqui chegaram construíram seu futuro com trabalho digno e honesto. Coisa que qualquer um de nós tem a oportunidade de conseguir se não nos rendermos à vida remediada que os programas sociais nos impõem.
Nada contra os programas sociais, desde que sejam usados como catalizadores de processos maiores e não com meio de sobrevida.
Voltando a questão dos parâmetros, para se definir quem faz parte das elites, pergunto: se uma pessoa sai de uma vida de penúria para a prosperidade com seu trabalho ela passaria a fazer parte automaticamente da elite?
Um trabalhador que prosperou o suficiente para gerar empregos, rendas e impostos pode ser taxado de elitista?
Um operário que sai de uma vida miserável e consegue com muito esforço diploma de curso superior, e uma vida confortável pode ser considerado da elite?
Um trabalhador que saindo de Garanhuns de uma vida miserável e tenha conquistado o cargo de presidente de um país, engrossaria esta fileira das elites?
A expressão é por si muito vaga e subjetiva. Esta figura não existe na sociedade de forma tão clara e evidente, a não ser no pensamento maniqueísta e ultrapassado de quem vive de velhas teorias e de mundos extintos.
São tiranossauros do pensamento moderno que exaltam a miséria como atributo do povo e demonizam a prosperidade com privilégio das elites.
Não há diferença entre povo e elite, mas há no caráter e na consciência dos homens. A linha que separa supostamente estas classes é imaginaria, já que qualquer um pode cruzá-la com trabalho, talento, sorte ou atividade criminosa.
Pessoas honradas e honestas assim como bandidos e corruptos existem em todas as camadas sociais, e o que define a qualidade de um caráter não é o bolso ou a bolsa, mas os princípios que norteiam a consciência.
O que classifica o caráter de uma pessoa ou de uma nação são seus valores e princípios, estes sim determinantes na construção de uma sociedade mais justa e fraterna. Valores este que ficam cada vez mais fora de moda.   
 

                                                                           João Drummond



terça-feira, 28 de outubro de 2014

O que vale mais: um Batisti na mão ou dois Pizzolatos voando?

O tribunal de Bolonha na Itália negou extradição ao Brasil de Henrique Pizzolato, condenado a mais de 12 anos no processo do mensalão.
Não sei, porque me veio imediatamente à memória o rumoroso caso Batisti.  Na época, acusado de quatro assassinatos na Itália, Batisti entrou ilegalmente no Brasil, e teve sua extradição negada pelo ex-presidente Lula, após o STF ter dado parecer favorável à extradição.
Os especialistas divergem quanto à possibilidade da justiça Italiana dar, na primeira oportunidade, o troco ao que foi considerado um insulto ao povo italiano.
A fuga de Pizzolato do Brasil se deu forma espetacular após o STF ter emitido ordem de prisão contra o mesmo ao fim do famigerado processo. Pizzolato deu um chapéu internacional no Supremo, na policia federal e até na Interpol se mandando de passaporte falso para a Itália onde tem também cidadania reconhecida.
Ficou lá por todo este tempo comendo macarrão e pizza e dando uma grande banana para o governo e a justiça brasileira.
Preso na Itália recentemente por porte de documento falso, (passaporte do defunto irmão), Pizzolato conseguiu se beneficiar da decisão da justiça italiana que alegou sua dupla cidadania e o péssimo estado dos presídios brasileiros.
Dupla humilhação para o Brasil: não mandam o criminoso, e falam mal dos nossos presídios.
Quando o Brasil negou a extradição de Batisti ao pedido da Itália, jogou na privada e deu descarga, no tratado de extradição que assinara com a mesma em 1989.
O povo italiano deve estar agora sentindo o doce gostinho da vingança ao deixar o Brasil com cara de abestado aos olhos do mundo.
Muitos vão dizer que uma coisa nada tem a ver com a outra, mas não me sai da cabeça, vendo como julgam os juízes, desde os de primeira instancia até o Supremo, que primeiro eles decidem por razões pessoais e mesquinhas, e só depois vão procurar na constituição o capitulo e o artigo que lhes dê guarida na decisão.
Os italianos mandaram o recado. Não respeitamos mais o tal tratado e ainda falamos mal dos presídios brasileiros.
E eu me pergunto o que valerá mais agora para a justiça e para o governo brasileiro: um Batisti na mão ou dois Pizzolatos voando, (o homem vale por dois e tem que devolver o que roubou).



domingo, 19 de outubro de 2014

Eleições 2014 – Entre a espada e a Cruz


As eleições deste ano para presidência da república no segundo turno colocaram o eleitorado num dilema. Não existe uma alternativa: ou o fogo ou a frigideira.
Um amigo me dizia algo que expressa bem esta situação: “Nunca imaginei que estaria, na minha idade, (sessenta e poucos anos) decidido a votar no Aécio, mas não aguento mais o PT no poder”.
Desde que deixou de ser oposição e assumiu o governo há doze anos e PT se transfigurou.
De um partido de oposição aguerrido, baluarte da ética na politica, detentor a espada da justiça social, para um partido fragmentado em suas convicções, capaz de amealhar a escoria politica brasileira em nome da governabilidade, exatamente o que condena nos outros partidos.
Se de um lado o partido se vangloria da sua militância, que foi o diferencial em outras campanhas, o PT conseguiu cria contra si o antipetismo, que se opõe com unhas e dentes ao petismo radical.
Estes militantes funcionam como uma torcida organizada (um bando de loucos), apaixonados e desprovidos de espirito critico.
Tudo que criticam nos partidos de oposição atribuem a si como virtude.
Valem-se abusivamente de velhos jargões com a direita conservadora reacionária, as elites privilegiadas etc.
Não percebem que parte destas elites se refere a empresários que geram riquezas, pagam impostos e criam postos de trabalho. Alias não há aumento de empregos sem o aumento proporcional dos meios de produção e ampliação da base monetária.
Ou seja, não há emprego sem patrão, figura quase que demonizada pelas hostes mais radicais do PT.
Não se lembram, convenientemente que para o partido ganhar as eleições há doze anos precisou de uma aliança pragmática com o empresário mineiro Jose Alencar, proprietário da Coteminas, (seu vice à época), aliança esta que permitiu ao PT expandir seu eleitorado para além dos 20% que detinha até então e ganhar sua primeira eleição.
Nesta aliança, Jose Alencar avalizava o projeto politico do PT e ajudava a quebrar a desconfiança do mercado e de parte do eleitorado mais conservador.
O PT se vangloria de muitos feitos e façanhas que atribui a si exclusivamente, como os programas sociais, o aumento do numero de empregos, a maior distribuição de rendas, etc. Não menciona que pegou em contrapartida a estrada da economia já pavimentada para a implementação de seus projetos, por obra e graça de governos anteriores.
A corrupção é um capitulo a parte nesta história. Discute-se muito a corrupção do passado do PSDB e a corrupção atual do PT e seus aliados.
Nisto os dois grupos políticos não diferem a não ser pela cronologia dos fatos.
A verdade é que para os antipetistas depois de doze anos no poder, o PT já deu, (democracia não pressupõe da alternância de poder?).
São estes antipetistas que se somam hoje as fileiras de Aécio Neves, não por suas virtudes, mas como um instrumento para por fim a esta dinastia que se tornou nefasta, corrompida, corroída em seus ideais e princípios.
Para os partidos que chegam ao poder existe um alerta: toda corrupção pode ser castigada, e quem chegar lá sabe que os instrumentos de controle e repreensão de crimes de colarinho branco estão se aprimorando. Não dá mais para vacilar.
Contabilizando os pós e contras a questão Petrobras pode vir a ser fator decisivo nestas eleições, e pode custar caro ao PT e seus aliados o uso e abuso de seus recursos para fins políticos e de interesse pessoal.
A própria Dilma tardiamente reconheceu os desvios de recursos e de conduta na Petrobrás, (não tinha alternativa, o eleitorado não é burro).
Enfim esta eleição está em aberto e quem sair vencedor dela o fara por pouca margem votos e sabe que terá contra si uma oposição quase tão forte quanto o próprio governo. Aí sim a democracia terá cumprido seu curso mais virtuoso. Governo representativo e oposição robusta.


João Drummond


segunda-feira, 14 de julho de 2014

A Copa 2014 – Mitos e Verdades.


A copa do mundo da FIFA 2014 terminou e o Brasil, ainda de ressaca, começa a sacudir os vestígios da festa que se prenunciava catastrófica.
As coisas afinal correram melhores do que podiam prever até as opiniões mais otimistas. Até o quarto lugar e as derrotas elásticas para as seleções da Alemanha e da Holanda ficaram de bom tamanho.
Como era de se esperar em eventos desta natureza, as noticias varreram o mundo, e as redes sociais fervilharam de boatos e mentiras que é um traço desta nossa sociedade paranóica.
Esta boataria tinha nascedouro em frase ditas de forma inconseqüente por personalidades publicas ou anônimas, com objetivos os mais variados e inconfessáveis. São frases que ganharam contornos de verdades absolutas, mas que não resistem a mínima analise critica.
Felipão dizia ao assumir a seleção em 2012, que o Brasil tinha a obrigação de ganhar esta copa.
Começava o seu trabalho com uma promessa, no mínimo inconseqüente, que contagiou a torcida e os meios de comunicação.
Pergunto: Porque tinha que ganhar, já que se tratava de uma competição?
Isto parte de um pressuposto e uma arrogância nacional de que detemos o monopólio de país do futebol.
Qualquer seleção que entra em uma competição pode ganhar ou não. Esta coisa de ter a obrigação de ganhar vai contra o espírito dos desportos.
A historia de que o Brasil não poderia perder e muito menos de goleada para outra seleção é parte desta nossa pretensiosa crença de que Deus é brasileiro e ao final o universo vai sempre conspirar a nosso favor.
 Seleções de outros países também têm o direito de sentir o doce sabor da conquista, mas antes disto tiveram que acumular sua cota de derrotas. Não sejamos egoístas, ninguém nem time nenhum pode só ganhar e ganhar o tempo todo.
Outra bobagem que temos lido com freqüência é de que fomos humilhados pelos times da Alemanha e da Holanda, e que isto mancharia para sempre nosso currículo.
Ridículo. Qualquer time que entre em campo contra outro, (11 contra 11) pode ganhar ou perder, até mesmo de goleada, basta que um seja mais bem treinado e que esteja emocionalmente mais equilibrado que o outro, e isto nada tem a ver com honra nacional.
O caminho do perdedor é o trabalho árduo pela reconquista do podium perdido, e para relegar as derrotas aos arquivos mortos da história.
Se temos que nos envergonhar de alguma coisa que seja por algo que valha a pena, como a corrupção de nossos políticos, a baixa qualidade de nossas saúde, educação e segurança, pelas crianças abandonadas, pela falta de moradia, pelo brutal desnível social, etc.
Para que gastarmos nossas energias colocando tanta prioridade numa atividade de desporto e lazer em detrimento de urgentes necessidades sociais?
Prenunciava-se um colapso no Brasil durante a copa, que não se confirmou. Pelo menos não na copa da FIFA, mas na copa do dia a dia este colapso é permanente. Perdemos o tempo todo de goleada para a corrupção, para o descaso com os interesses públicos e para a desigualdade social.  
Esta derrota sim dói e fere nossa honra. É para esta batalha que a energia de quem crê num Brasil melhor deve se direcionar em busca do maior de todos os troféus: uma democracia plena e justa.
A vitória, e a derrota, são efêmeras, só que uma nos traz euforia e alegria enquanto a outra no induz as mudanças necessárias. A vitória amplia nossa zona de conforto enquanto que a derrota nos força a sair dela.
Enfim ganhar ou perder faz parte do jogo, tanto no futebol quanto na vida. Desonroso é deixar de tentar.


João Drummond


domingo, 6 de julho de 2014

A Punição de Zuñiga

Esta pergunta tem sido feita a exaustão nas redes sociais e pela mídia especializada: O lateral Camilo Zuñiga da seleção colombiana deve ser punido pela FIFA, pela entrada que fraturou uma vértebra de Neymar e o tirou da copa do mundo 2014?
Para muitos foi uma jogada normal que resultou num acidente de trabalho, ou seja, sua intenção foi apenas parar a jogada, para outros Zuñiga cometeu uma falta maldosa que merece severa punição.
Vendo as imagens no correr do jogo pareceu realmente que Zuñiga apenas entrou com vontade e empurrou Neymar, que desabou sem maiores conseqüências, e foi que o juiz viu, dando a lei da vantagem sem aplicar nenhuma falta.
As imagens em câmera lenta e passo a passo mostraram que alem do empurrão no ombro de Neymar, Zuñiga atingiu também suas costas com o joelho.
A bola naquele momento não estava em disputa já que tinha caminho para o peito de Neymar. Se houve ou não intenção maldosa de Zuñiga só ele poderia responder lá com seus botões, mas ele agiu de forma açodada e temerária.
Ou seja, assumiu um risco e esta ação teve conseqüências graves. Se Neymar não tivesse sofrida a fratura na vértebra este tema nem estaria em debate.
As conseqüências poderiam ser menores ou maiores, como tornar o Neymar incapaz para o futebol, por isto acredito que Zuñiga deva ser punido na medida exata das conseqüências de sua ação, nem mais nem menos.
Ninguém esta falando em bani-lo do futebol ou pedindo prisão para ele, mas deixá-lo sem punição é estimular o futebol agressivo onde tudo seja permitido em favor de resultados.
Algumas partidas afastado do futebol vão permitir que o lateral colombiano pense um pouco antes de sem envolver de forma temerária em lance parecido e, de quebra desestimular outros de tentar o mesmo.
Para muitos críticos o Brasil foi responsável pela violência em campo e por tornar o jogo contra a Colômbia no mais faltoso da copa 2014, pelo numero de faltas que cometeu, (o jogo teve 54 faltas sendo 31 do Brasil).
A responsabilidade de coibir a violência em campo é prerrogativa da arbitragem que, no entanto abriu mão dela deixando o jogo correr solto.
Por outro lado as faltas devem ser consideradas também por suas conseqüências e nenhuma das faltas cometidas pela seleção brasileira resultou em maiores danos aos adversários.
Por isto também acho que o arbitro Carlos Velasco deve ser repreendido pela comissão de arbitragem da FIFA e receber orientação para ser mais rigoroso com a violência em outras partidas.
No mais esperamos que o espírito de lealdade e o fair play prevaleçam no futebol, sobre a selvageria e a violência.


João Drummond







sábado, 5 de julho de 2014

O Futebol e a Política (Copa 2014)

O futebol é o esporte mundialmente mais identificado com as massas, ou seja, é o esporte mais popular do mundo. As paixões que ele movimenta só podem ser comparadas aos interesses financeiros que o movem.
Multidões de torcedores se identificam com o time do seu coração e por ele fazem loucuras. Estas paixões exacerbadas são o terreno fértil para que investidores, empresas, bancos e governos direcionem vultosas quantias, para negócios ligados a ele.
É um negocio altamente lucrativo, de pouco risco que abre enormes probabilidades de ganho fácil e de rápido retorno, se comparado ao outros campos da economia.
Para muitos críticos, o futebol é alienante e prejudicial à economia de um país porque, na sua sombra as maracutaias prosperam e a corrupção recrudesce, sugando recursos que poderiam ser direcionados para as demandas mais importantes da população.
Estes mesmos críticos se posicionaram radicalmente contra a organização da copa do mundo no Brasil, indignados ao verem suas justas reivindicações negadas, enquanto toneladas de dólares estavam sendo direcionadas para o evento da FIFA.
Antes da copa eram muitas as especulações por parte da imprensa nacional e internacional sobre o seu iminente fracasso, expectativas que não foram confirmadas na pratica. Esta torcida pelo fracasso da copa foi abraçada por setores da sociedade, e se estende para um possível fracasso da seleção brasileira, para que o país (sic) sofra um choque de realidade. Isto é apostar no retardamento mental do cidadão. A grande maioria da população torce para mais uma conquista do Brasil, mesmo nos menos favorecidos rincões.
Como que num passe de mágicas todas as engrenagens do evento, que pareciam entrar em colapso, se ajustaram para tornar a Copa do Mundo no Brasil em mais um mega evento bem sucedido.
As alarmistas e os profetas do apocalipse ficaram no prejuízo, uma vez que suas teses catastróficas não se confirmaram.
Os estádios estão funcionando sempre lotados com seus problemas de sempre, os aeroportos estão dando vazão dentro de certa normalidade às demandas dos usuários, as obras de infra-estrutura não vieram abaixo e deram conta razoavelmente do recado, as manifestações ficaram restritas em pontos que não prejudicavam o transito dos torcedores.
E porque isto tudo aconteceu? Porque o futebol a exemplo do carnaval é um elemento da identidade de um povo. A sociedade brasileira disse a ultima palavra e abraçou o evento como seu, e como no carnaval resolveu jogar para o pós copa o debate nacional sobre seus benéficos e conseqüências.
Um povo que, no carnaval, cai na folia com se não houvesse amanhã e vai curar sua ressaca na quarta feira de cinzas, não perderia a oportunidade de viver e se aproveitar esta mágica energia, que tornou o Brasil, por pouco mais de um mês na capital esportiva do mundo.
Este povo que abraça e toca o que esta sendo considerado o milagre brasileiro, não precisa de tutores de consciência que lhes digam o que é bom ou o que é mau, e sabe que cada coisa tem seu tempo.
Há um tempo para trabalhar, um tempo para votar, um tempo para reivindicar, um tempo para o carnaval e um tempo para o futebol. Na vida há um tempo para tudo, e este mesmo povo que faz a copa e o carnaval acontecer saberá responder no momento certo aos desmandos das classes políticas dirigentes.
E para estes, a resposta dos eleitores poderá não ser tão favorável quanto a resposta que os brasileiros deram a Copa do Mundo da FIFA versão 2014 Brasil.


João Drummond


terça-feira, 24 de junho de 2014

Joaquim Barbosa Forever



O ministro Joaquim Barbosa anunciou recentemente sua aposentadoria antecipada como ministro e presidente do Supremo Tribunal Federal.
Seu maior legado continuará sendo sua batalha épica implacável contra a corrupção, mais especificamente na ação penal 470, conhecida coloquialmente como mensalão.
Neste processo que se arrastou por anos a fio e monopolizou o Supremo, a opinião publica e a imprensa; empresários, políticos, banqueiros e dirigentes partidários foram condenados, reduzindo-se por um instante a sensação de impunidade que grassa na república.
Neste processo o ministro angariou críticos ferrenhos e admiradores por suas atitudes determinadas, e pela coragem que presidiu a ação penal, primeiro como relator do processo, e depois como presidente do supremo.
Assim como Giovanni Falconi em sua luta contra a máfia italiana, Joaquim Barbosa provocou a ira de personalidades de peso e influencia na política e no meio jurídico.
Sofreu ataques virulentos por sua atuação como magistrado, e que extrapolaram para sua vida privada, como se vivêssemos no país das virtudes e da moral ilibada. É evidente que Joaquim Barbosa, como ser humano cometeu seus deslizes, mas que atire a primeira pedra quem não os tenha cometido.
Cavaram fundo e encontram pouco contra o ministro, em denuncias ridículas, que procuraram desqualificá-lo como juiz e atingir sua honra.
O ministro foi mais de uma vez vitima de preconceito e ameaças públicas por parte de pessoas que perderam a noção de respeito e de perigo.
”Tire as patas de nossos heróis” e “você vai morrer de câncer ou com um tiro na cabeça” dizia uma destas mensagens. E vieram, vejam só, de um militante de um grande partido político.
Estes que saem a campo para defender heróis decaídos insistem em olhar o Brasil pelo retrovisor da história, sem se ater que o país mudou e que nossas demandas hoje são outras. Não percebem que a grande ameaça á democracia é a corrupção publica, mãe de todos os crimes.
Mas Joaquim Barbosa não deixa o supremo por medo de ameaças, mas por entender que sua voz dissonante não encontra eco entre seus pares.
 O Supremo não teve tutano para sustentar o ponto fora da curva, que nos conduziria a um novo patamar de cidadania, e se recolheu ao seu papel de zelador mor da constituição em sua interpretação mais banal.
O trabalho de Joaquim Barbosa extrapolou nossas fronteiras, angariou simpatias pelo mundo afora e sua luta nunca será em vão.
Quem acha que sua saída representa o retorno do supremo a sua curva histórica, não se iluda. O ministro saiu de um STF rendido em sua morosidade e burocracia, e ganha a historia como a voz que clama no deserto contra a corrupção e a impunidade.
Fora do Supremo sua luta pode ser muito mais eficaz porque não estará preso as regras e regulamentos que regem um tribunal.
Os canalhas que se divirtam enquanto podem porque a semente plantada por Joaquim Barbosa encontrará com certeza terreno fértil para germinar.
A luta contra a corrupção e contra a impunidade entra definitivamente para a ordem do dia, porque no campo escasso de valores em que vivemos, existe uma demanda sempre reprimida e uma sede insaciável de justiça.



                                                                   João Drummond



   





sexta-feira, 13 de junho de 2014

Brasil 3 X 1 Croácia - Vitoria legitima

Contra a Croácia, o Brasil não fez um grande jogo, mas para começo de copa do mundo deu para o gasto.
Se o arbitro errou, o que o time do Brasil tem a ver com isto? A arbitragem também já errou contra nós e contra outras seleções em outras copas. Daí dizer que o jogo foi roubado a uma grande distancia.
Mesmo não jogando o que sabe o Brasil foi melhor que a Croácia, e mesmo que o pênalti não fosse marcado ainda assim teríamos ganhado por dois a um.
As estáticas do jogo mostram a superioridade da seleção brasileira, repito ainda que com o nervosismo da estréia.

Brasil                                               Croácia

14                  Finalizações                 10
  9                Finalizações a gol            4
  5                      Faltas                       21
59%             Posse de bola                 41%
  7                    Escanteios                     3
  4                     Defesas                         6
  1                Impedimentos                    0

Vale lembrar ainda que o gol da Croácia não saiu por jogada de mérito, mas por falha de nossa defesa.
A seleção brasileira, como franca favorita ao titulo é secada pelas outras seleções e pela imprensa mundial. Normal, ainda mais quando estas críticas vêem de países, cujas seleções também são consideradas favoritas ao titulo.
Se o Brasil ganhou e não convenceu o primeiro passo está dado e conquistamos os primeiros três pontos.
Resta aos concorrentes, o choro dos ressentidos e as tentativas de atribuir aos erros do arbitro um resultado que é de mérito exclusivo da nossa seleção. Que reclamem com a comissão de arbitragem da FIFA, responsável pela escalação dos árbitros e vamos que vamos.


João Drummond

sábado, 1 de março de 2014

STF - Caiu a Última Defesa

A ação penal 470, popularmente conhecida como mensalão, parecia ser um divisor de águas da justiça no Brasil.
Depois de anos de investigações e análises, o Supremo estava finalmente julgando e condenando réus qualificados, personalidades conhecidas da vida pública, (banqueiros, publicitários, políticos dentre outros).
Dava até para sentir uma ponta de orgulho, é claro com uma natural desconfiança, afinal a ação ainda não chegara ao fim, havia muitos recursos para serem julgados.
Nossa justiça estava, a exemplo das côrtes do primeiro mundo, mandando um claro recado de que a impunidade no Brasil tinha seus dias contados.
Os senhores ministros dando seus longos e eruditos votos, transmitidos pela TV Justiça para quem tivesse tempo e paciência para assistir, gastando a vontade tempo e dinheiro do contribuinte.
Afinal, dizem, a justiça tem que ser cautelosa. Antes inocentar um culpado do que condenar um inocente, certo? Há controvérsias. Provas robustas são desqualificadas com facilidade. É difícil condenar até mesmo réus confessos em alguns processos.
Com a análise dos recursos da ação 470, e a nova tendência demonstrada pelo pleno do Supremo, motivada por maioria circunstancial, a coisa mudou e a decepção substituiu aquela euforia inicial. O Supremo, aparentemente estava se rendendo a pressão política.
Os ministros José Roberto Barroso e Teori Zavascki, que não participaram do inicio do processo, parecem ter sido nomeados sob encomenda, após a aposentadoria compulsória de seus predecessores, para mudar os rumos do processo, e fazer a balança da justiça pender para o lado oposto.
Anteriormente, a tese de que presos podiam sair da prisão para trabalhar fora, foi ganhando peso. Desculpem a minha ignorância jurídica, mas nunca ouvira falar disso antes. Fiquei sabendo quando José Dirceu arrumou um trampo, como gerente de hotel com um salário de C$ 20.000,00, que afinal não vingou. O hotel era parte da maracutaia.
Acho até que este dispositivo legal, tornado publico neste meio tempo, pode estimular muitos condenados a buscá-lo como direito. Estaria aí o Bruno goleiro abrindo a fila?
Voltamos à condição histórica conhecida. O Brasil continua sendo o país da impunidade, só que agora com um adendo. Somos também o país da chicana jurídica, e da falcatrua em alto nível, onde até mesmo ministros da suprema corte sucumbem à maracutaias, se valendo de argumentos ridículos, em rede nacional, e sem nenhum pudor, para livrar a cara de quadrilhas de engravatados.
A nossa justiça máxima sinaliza mal para um Estado que beira a desorganização social, onde bandos de criminosos prosperam no seio das instituições, e quando os presídios explodem de precariedade, sem conseguir exercer seu papel de contenção e socialização dos condenados.
Estamos caminhando para um estado de terror que avança célere, não só nas barbas da justiça, mas sob seu patrocínio indireto.
É a consolidação da tal justiça que só se faz valer para os pobres, pretos e as prostitutas, mas que se borra de medo de bater o martelo contra criminosos engravatados e de colarinho branco, exatamente como a justiça dos primórdios da republica.
Uma certeza cresce na cabeça de criminosos convictos e dos novos postulantes: Fazer uma fezinha no crime tem compensado bastante no Brasil.


                                                                          João Drummond


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