A primeira vez que ouvi
falar no capitão, ele era ainda um vereador na ALERJ, (Assembleia
Legislativa do Rio de Janeiro). O comentário era depreciativo: “Tem um deputado
no Rio que é tudo de ruim que você consegue imaginar. Mal-educado, grosseiro,
racista, homofóbico, machista, etc.”.
Pensei comigo que um
sujeito destes nunca teria sucesso na política e continuaria na obscuridade
total, como exemplo negativo a ser banido da vida pública.
Pois não é que, quando começou
a campanha eleitoral para presidente, o tal candidato apareceu como um azarão, ostentando
um desonroso lugar nas pesquisas, como um dos últimos colocados.
Era motivo de chacota de
muitas pessoas, inclusive comentaristas de renome que dedicavam a ele, nas
analises, algumas poucas e negativas palavras.
Quase ninguém o levava a sério,
inclusive eu mesmo. “Sem chance”, pensava.
O meu candidato era
o senador Alvaro Dias e eu tinha certeza que nunca votaria no capitão. Diziam que,
quando começassem as propagandas eleitorais na TV, ele, que tinha 7 segundos de
fala, simplesmente desapareceria no processo, sendo liquidado por sua própria incapacidade
de passar seus recados.
O discurso conservador,
ultrapassado, agressivo simplesmente não encontraria ressonância no seio da
sociedade.
Fui surpreendido quando
em conversa com conhecidos, sobre seus prováveis candidatos muitos diziam: “O
capitão, é claro”.
Podemos encontrar ainda
hoje vídeos com muitos analistas políticos conceituados dizendo com todas as
letras que as chances de o capitão passar para segundo turno eram próximas de zero.
Aí veio a facada que
mudou tudo. Até hoje tem gente que acredita que este incidente foi arquitetado
pelo próprio candidato, como se fosse possível envolver tanta gente, incluindo,
enfermeiros, paramédicos, médicos, diretores de hospitais, policiais e todas as
pessoas que estavam perto e assistiram ao atentado. As teorias da conspiração pipocaram.
Começaram os debates e
todo dia, o capitão, deitado em uma cama de hospital se recuperando, era
desafiado a comparecer e acusado de covardia.
Os tais famosos analistas
continuavam com suas cruzadas mostrando por A mais B como o capitão nunca
chegaria ao segundo turno.
Sua candidatura já
despontava como viável e irritava as redes de comunicação e aos políticos de vários
partidos.
Podemos alinhar aqui as
frases mais ditas sobre ele na campanha:
1 – Nunca vai chegar ao
segundo turno
2 – Nunca vai ganhar as eleições
3 – Não vai conseguir
tomar posse
4 – Não vai conseguir
governar
5 – Não vai durar 3 meses
no governo
Mas ele está aí apesar da
marcação cerrada de grande parte da mídia e da oposição mais ferrenha. Cada
frase, cada palavra, cada ato dele é processado e trabalhado de maneira a
tentar destruir sua imagem e sua credibilidade.
Muitas pessoas questionam
como se pode apoiar um candidato com um perfil destes. Muito simples: Quem o
apoia não o faz de forma irrestrita, absoluta. Sabe extrair do pacote a parte
ruim e negativa e aceita na parte que o sobrou o homem que foi colocado lá na
cadeira presidencial com uma missão. Ninguém é perfeito e todo mundo pode
aprender e melhorar suas atitudes.
De outro lado quem faz estas
críticas, já mostrou que é capaz de fechar os olhos aos crimes daqueles que
elegeram como lideres, em nomes de suas boas obras.
O capitão já mostrou que
é duro na queda, e capaz e acender nos que o elegeram a esperança de um novo
Brasil, não obstante sua falta de polidez, suas frases fortes e desagraveis.
Acho que dificilmente se
reelege, mas neste particular os fatos já derrotaram muitos analistas
experientes. Acredito também que o capitão é a ferramenta perfeita, a casca
grossa que o destino nos concedeu para derrotar o stablement e um modelo de política
falido e deteriorado, para entregar, o Brasil em situação mais prospera.
Não estamos vendo no cenário
político atual outro político com este perfil. Ou seja, não é o ideal, mas é o
melhor que está tendo. Só tem de evitar o messianismo porque senão corremos o
risco de ver no Brasil outro Lula da Silva.
João Drummond