sexta-feira, 31 de julho de 2015

A Corrupção de Sempre e a Nova Justiça

A corrupção é da índole humana. Sempre existiu e continuara existindo. Nós crescemos ouvindo falar em comissões pagas aos políticos majoritários, em obras contratadas com dinheiro público, junto às empreiteiras.
Era tão banal que parecia legal. Tinha até um político em Minas que era conhecido por “quinzinho”. Esta era uma pratica comum e corriqueira: o político conseguia uma obra para seu município, promovia seu nome com o dinheiro do contribuinte e pegava uma gorda comissão com a empreiteira que tocaria a obra. O plano perfeito.
A empreiteira que não aceitasse pagar a propina nem participaria da licitação.  O crime de corrupção está prevista na constituição para qualquer um ver.
Ninguém pode alegar que não sabia. Acontece que algumas leis no Brasil são para valer e outras nem tanto. Com a morosidade da justiça e a falta de vontade e empenho de procuradores e juízes a coisa correu solta e este tipo de crime fez escola.
Ninguém estava se lixando para o que dizia a constituição, afinal todo mundo pagava e recebia propina. Para a empreiteira era um grande negócio: ganhava a obra, pagava a comissão e depois se anexavam adendos alterando o preço.
Na visão dos políticos quem pagava a propina era a empreiteira e não o erário, e isto era considerado valor relativo à sua competência ou tirocínio negocial.
O que mudou então para que esta prática começasse a ser tratada pela lei como reza a constituição?
A justiça mudou, foi renovada e ganhou fôlego com a chegada de novos juízes e procuradores. A isto veio se somar o aumento da autonomia do ministério público federal e da policia federal.
Outra questão pode ainda ser considerada. Há quem acuse do MPF e a PF de atuarem sem isenção, aplicando a lei de forma seletiva, e por interesse partidário.
Sendo isto verdadeiro é uma forma viciada de se aplicar a lei. A lei deve ser igual para todos. Se por um lado parte a maquina judiciária pode estar à serviço de um partido, todo o aparato executivo está nas mãos de outro partido que por sinal tem se valido dele de forma abusiva.
Dilma ganhou as ultimas eleições conforme a lei, mas o eleitor não lhe entregou um cheque em branco, e uma vez se sentindo enganado por falsas promessas de campanha, revoga informalmente seu voto na forma de rejeição detectada pelos institutos de pesquisa.
Apregoar números positivos dos governos petistas como compensação à corrupção é endossar a politica do "rouba mas faz". Uma hora a gangorra faz o caminho de volta e todas as conquistas sociais vão por terra.
Não menos por isto que a tese do Impeachment vem sendo considerada como uma possibilidade cada vez mais factível.
O Impeachment não pode ser considerado um golpe uma vez que está previsto na constituição.
Considerando estes dois poderes (executivo e judiciário) influenciados pela política partidária, o poder legislativo se torna o fiel desta balança, nesta queda de braço.
O congresso nacional é a arena onde os partidos se digladiam por espaço e poder e onde os interesses autofágicos falam mais alto. De lá pode vir o aval para a solução de um possível impasse político.
O problema é que qualquer que seja a solução o Brasil estará muito mal servidos com aqueles que têm por missão governá-lo. Ou seja: é o fogo ou a frigideira.

        

                                                                 João Drummond



domingo, 26 de julho de 2015

O Debate Político e as Alternativas para o Futuro

Porque o debate político vem se acirrando e se radicalizando nos últimos meses? Creio que uma das razões seria a insatisfação da sociedade brasileira com a condução de nossa política econômica.
Há quem defenda que a parte mais sensível do ser humano é o bolso. Se o cidadão não sentisse na pele os efeitos da crise, (que na verdade é em boa parcela mundial), não haveria campo de cultura para a radicalização deste debate.
Acontece que este debate só se torna produtivo no centro do espectro ideológico, onde as alternativas mais viáveis podem ser apresentadas de forma a responder as pautas democráticas.
O que interessa hoje ao cidadão comum? Continuar a trabalhar e usufruir da conquistas sociais e econômicas que o lançaram no maravilhoso mundo do mercado de consumo.  Isto significa pagar suas contas e continuar a ter acesso à segurança, saúde, educação, moradia, e tudo o mais que ele puder conseguir pelo trabalho direto e pelo retorno dos seus impostos.
O PT, que tem sido a grande novidade na política brasileira nas ultimas décadas, com suas políticas sociais, seu discurso ético, suas opções pelos menos favorecidos, mostra sinais de não consegue mais atender as expectativas da sociedade brasileira, principalmente no que se refere às políticas econômicas, (com reflexos diretos nas outras políticas).
O partido inchou e assimilou outras correntes partidárias, em nome da governabilidade. Muitas destas correntes se associaram ao PT por adesismo e conveniência e estão prontas a deixar o barco se ele começar (como já acontece) a fazer água.
A crise é passageira? Sim, como tudo o mais na vida. O grande problema é que não temos uma alternativa clara ao PT na política brasileira. O PSDB, o PMDB e outros partidos já estiveram como se diz popularmente “por cima” e não teriam hoje ferramentas adequadas para lidar com a crise.
A principal ferramenta seria a confiança do cidadão e eleitor na sua capacidade de gerenciamento da nossa economia.
Muito maior do que a crise econômica é a crise de confiança contra as classes dirigentes e as instituições públicas.
Observa-se neste quadro, de forma polarizada, o acirramento e radicalização do debate político refletidos em palavras de ordens e clichê que nada dizem e nada resolvem. Direita raivosa, esquerda burra, mídia conservadora, mídia reacionária, coxinhas, etc. são adjetivos que por si só trazem todo um arcabouço de idéias pré-concebidas que liquidam a inteligência de um debate.
O debate possível e produtivo só pode acontecer no centro da mesa do espectro ideológico. Podemos não concordar com as pessoas e suas idéias, mas temos que entender que elas também têm, assim como nós, o direito ao espaço numa democracia em construção como a nossa. Não dá para transformar o Brasil numa faixa de Gaza e querer que a coisa funcione a contento.
Nunca funcionou lá e nunca vai funcionar em lugar nenhum do mundo. O que seria de uma democracia se a “direita raivosa” ou a “esquerda burra” fizesse prevalecer suas convicções.
O que o Brasil mais precisa neste momento são de homens e mulheres de bom senso, que possam debater com maturidade nossos problemas e ajudar na construção de um grande pacto nacional, (político e social), que amenize a crise presente e que crie melhores perspectivas para o futuro.


                                                           João Drummond


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