quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Não vendo nem troco meu voto


As Leis, os políticos e as eleições


As eleições estão aí (de novo) e com ela a cansativa e monótona propaganda política, os jingles repetitivos e irritantes, (tentando gravar a ferro e fogo um número na cabeça dos eleitores), os “caras-de-pau” de sempre e algumas caras novas, com as velhas praticas de busca de votos por atacado, (e de pouca qualidade)
E a política, que promete uma renovação em cada pleito, se consolida afinal, como a ultrapassada banca de negócios de interesses rasteiros, e pouco (ou nenhum) espírito público.
Cabem aqui algumas reflexões e um refresco na memória sobre o objetivo das leis, a funções dos políticos e a intenção das eleições.
Aprendemos na escola, ainda em tenra idade que no estado democrático as leis devem estabelecer direitos e deveres aos cidadãos, as empresas, a instituições, etc.
Aprendemos também que os três poderes forjados a partir do sufrágio são autônomos e inter-relacionais, com o propósito de se fazer cumprir o paradigma democrático (do povo, pelo povo, para o povo).
Aprendemos ainda que cada poder tem suas tarefas e prerrogativas bem definidas pela carta magna, quais são o legislativo de propor, votar e fiscalizar a aplicações das leis, o executivo de fazer cumprir as leis e o judiciário de interpretar o propósito das leis.
Simples assim, mas na pratica o que vimos é outra coisa. Os três poderes, quando forjados a partir de votos pouco conscientes e de qualidade duvidosa acabam por se constituir em uma engenhoca que funciona mal, presta péssimos serviços a um custo muito alto para o contribuinte.
A formação de uma classe de políticos profissionais desvirtua o sentido da democracia, visto que o espírito público se constitui em uma ficção. Cidadãos eleitos vindos de outras categorias profissionais, se valendo de recursos próprios ou de terceiros como fator preponderante para se ganhar uma eleição, estes arremedos de políticos passam a buscar o retorno do investimento e a sua perpetuação no atraente e lucrativo negocio.
Muitos países, para evitar isto, têm o cargo de vereador como função voluntária e de cidadania. É algo a se pensar também para nós.
Mas cabem aqui duas perguntas: qual o papel do eleitor neste processo todo? O que o motiva afinal a votar neste ou naquele político?
Os argumentos são, em geral, pouco consistentes e baseados em opiniões que os profissionais da política forjaram com publicidade enganosa e paga.
Diz o eleitor: “fulano é muito bom e vou votar nele porque ajuda o povo”. Ora que não é esta a função do político, a de fazer caridade com dinheiro público, Ajudaria mais a todos se produzisse leis de qualidade e fiscalizasse sua aplicação.
Outro argumento é de que fulano traz muita verba para a região, com se não fosse esta sua expressa obrigação e para o qual foi eleito com um belo salário.
O leitor, sem consciência de sua força, é um eterno algoz de si mesmo, quando forja e alimenta este sistema viciado e injusto, dando seu voto em troca de favores pessoais e falsas promessas.
Enche as câmaras federais, estaduais e municipais de espertalhões e desonestos, que uma vez eleitos dedicam seus quatros anos de mandato a conquistar vantagens pessoais e uma nova eleição.
Não ouvem mais os anseios e necessidades do povo que os elegeu. Perdem tempo e dinheiro do contribuinte com negociatas escusas e um trabalho inócuo, sem nenhum compromisso com a comunidade e com os ideais democráticos.

Tenho adotado algumas regras nas eleições que talvez sirvam a mais alguém:

1 – Nunca votar no mesmo político duas vezes seguidas (a experiência mal utilizada tem sido mais danosa as comunidades do que a inexperiência de novos candidatos). A alternância no poder é um dos mais fortes preceitos da democracia.

2 – Não votar em político que pede voto sem apresentar uma proposta concreta e um histórico de serviços à comunidade que o habilite.

3 – Não votar em quem polui a cidade de qualquer maneira (som, visual, papel). Uma proposta real e concreta pode ser passada de forma sóbria e eficaz, com uma carta ao eleitor por exemplo.

4 - Não votar em ninguém por argumentos genéricos (ajuda o povo, traz verbas para a região). Lembrar que as verbas vêm através de um projeto apresentado e votado no congresso, que as verbas são públicas e que o político é eleito e recebe para isto.

5 – Não votar em quem propõe troca ou compra de votos. (se estiver necessitado receba a coisa e vote em um candidato mais sério). Afinal dá quem pode e recebe que precisa. O voto nada tem a ver com isto, pois é unidade básica da democracia.

6 – Não votar em quem promete muito mas nunca fez nada pela comunidade.

7 – Não votar nunca em político profissional.

O leitor pode sugerir outras regras e divulgar este texto.


João Drummond



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