sexta-feira, 23 de março de 2012

A Ética do Mercado e as Licitações Relativas


Quando Renata Cavas falou em horário nobre a celebre frase: ...”É a ética do mercado”, a galera respondeu: — oooooooohhhh!!!.
Mais uma grande lei universal poderia ter sido descoberta. Desde que Copérnico propôs que a terra seria apenas mais uma poeira cósmica e não o centro do Universo, desde que Newton descobriu que a queda de uma maçã na cabeça produziria, não só uma terrível dor de cabeça, mas também a teoria da lei de que “tudo que está no alto pode cair”, e desde que Einstein, viajando em pensamento em um raio de luz (o que ele tomou?), sugeriu que tudo era relativo, e que “nem tudo é o que parece”, seria esta a maior descoberta do pensamento humano?
Só o tempo dirá. Mas afinal Renata Cavas falou algo novo? Disse alguma grande mentira? Maquiavel poderia perfeitamente ampliar o alcance destas sábias palavras: “Esta é a ética da política, a ética dos bancos, a ética do direito, a ética enfim do ser humano”.
Cavas mostrou apenas que a distancia entre uma verdade singela, apregoada em prosa e versos na surdina das alcovas e aquela aceita ostensivamente em frente a uma câmera é o tamanho da propina.
A ética assim como a democracia é uma utopia. Um pensamento proposto por algum filósofo grego alcoolizado, que como um farol na escuridão, continua a brilhar no futuro da consciência humana.
Na prática e antes do advento das câmeras escondidas, a ética era aquela coisa que dizíamos em alto bom tom como o fariseu em frente ao altar, mas que negávamos às escondidas diante de nossos interesses pessoais.
Ou seja, se eu estou faturando a ética do mercado está funcionando muito bem. Quem não está satisfeito, ou se conforme com sua honesta incompetência ou se curve ao bezerro de ouro.
A ética do mercado é regulada pelo lucro que consegue promover. Quanto mais lucro angaria, tanto mais ética é a empresa.
E assim com o mundo absolutista, seguro, eterno balançou diante da proposição de Einstein, as bases do mercado começaram a se mover buscando novo ponto de equilíbrio.
Empresas investigadas, diretores e funcionários de confiança demitidos, verdades absolutas mostradas pelas câmeras, negadas, neste festival de cinismo.
É preciso rápido isolar o mau, que a reportagem da TV provocou e mostrar que aquilo que foi mostrado é uma exceção.
Afinal aquela ética de que falou Renata se referia apenas as empresas investigadas. O mercado continua como sempre esteve com sua Ética a La grega preservada, acima do bem e mal, se adaptando a estes novos tempos.
É preciso se formar novos diretores e funcionários mais espertos e menos faladores, e com um discurso bem treinado, com senhas mais seguras para negociar propinas a céu aberto e mesmo diante de câmeras, e não mais nos estacionamentos de Shoppings e nem nas “Quintas da Boa vista”.
Quem sabe também tornar obrigatório o uso de detectores de câmeras para garantir a lisura e segurança nos negócios.
Não se deve de forma nenhuma mudar a dinâmica e os parâmetros dos negócios. Não se deve instruir os funcionários e diretores a serem honestos e seguirem as regras ditadas em lei e apregoadas aos quatro ventos.
Isto seria uma conspiração contra o lucro, e um atestado de incompetência das Empresas. Ganhar é mais importante que competir. Ganhar uma concorrência não é uma opção, mas uma obrigação.
O Mercado precisa urgente encontrar uma nova ética que resgate sua estabilidade e credibilidade. E tem que ser uma Ética que resista bravamente até pelo menos ao próximo escândalo.



                                                                         João Drummond
 

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