Defesa de Marcos Valério diz que mensalão não existiu e culpa PT por possíveis irregularidades
A defesa do publicitário Marcos Valério reafirmou, nas alegações finais encaminhadas ao Supremo Tribunal Federal (STF), que o Mensalão não existiu. O suposto esquema de compra de votos de parlamentares foi revelado em 2005. Dois anos depois, o STF aceitou denúncia contra 40 réus (um morreu e outro fez acordo com o Ministério Público).
Agora, a ação penal sobre o caso está em fase final. Hoje foi o último dia para que os 38 réus apresentassem defesa antes do voto do relator, ministro Joaquim Barbosa.
Não fiquei surpreso. Desde que descobri ainda na infância que Papai Noel nunca existiu, não me surpreendo ao descobrir que coisas em que todo mundo acredita nunca existiram.
Mas achei uma grande sacada esta do carequinha mineiro, e operador do Mensalão (que nunca existiu).
Percebi logo que estas alegações da defesa de Marcos Valério podem servir para todo tipo de crime.
O Juiz chega para um assassino profissional e pergunta solene:
—Você matou fulano?
Ao que o assassino contumaz responde com ar de tédio.
— Não, fulano nunca existiu.
Você leitor, pode ver a preciosidade deste argumento? Corta atalho nos processos, encurta e barateia a aplicação da justiça. Porque MV não pensou nisto antes, lá em 2005 quando o Mensalão (que nunca existiu) foi revelado?
Porque todos os transtornos em tempo e recursos gastos num processo de 322 páginas sobre uma coisa que nunca existiu?
Mas a defesa pode fazer mais. Pode dizer que Marcos Valério nunca existiu. Mauricio Marinho nunca existiu, Joel Santos Filho nunca existiu. Não vamos ser econômicos e mesquinhos, nem Roberto Jefferson existiu. Muito menos o 40 réus citados na época, como beneficiários do Mensalão existiram.
Este argumento resolve todos os problemas do mundo, pois que nunca existiram financiamentos ilícitos de campanha, nunca existiu corrupção e corruptos.
De repente somos todos prisioneiros da Matrix e tudo porque lutamos e acreditamos não passam de alucinações, mundos imaginários, coisas que nunca existiram, mas que nos consomem tempo e energia por uma vida inteira.
Quem sabe não somos todos loucos Dom-quixotes lutando contra moinhos de vento e dragões imaginários, viajantes e náufragos das nossas utopias sem sentido e sem razão?
A defesa de Marcos Valério nem se dá ao trabalho sofisticar seus argumentos para serem apresentados como alegação final ao Supremo. Afinal existe sempre a possibilidade do Supremo nunca ter existido. Vamos que cola.
Outros absurdos já colaram antes lá na Casa dos Guardiões da Constituição, dando-nos a impressão que o Supremo nem estava ali.
A alegação de Marcos Valério é uma evolução em relação a frase de Paulo Maluf que “nem estava lá”, ou de Lula que “não sabia de nada”. Temos que admitir que o carequinha tem topete.
E fica o medo e a desconfiança de que o Supremo caia em mais esta esparrela e afirme de vez que a justiça nunca existiu naquela casa. É esperar para ver.
Para quem tem tempo e saco aqui vai a história do Mensalão que nunca existiu, mas que tanto prejuízo provocou ao Brasil.
João Drummond
João Drummond
O Mensalão (Que Nunca Existiu)???????
No dia 14 de maio de 2005, aconteceu a divulgação pela imprensa, de uma gravação de vídeo, na qual o ex Chefe do DECAM/ECT, Maurício Marinho, solicitava e também recebia vantagem indevida para, ilicitamente, beneficiar um falso empresário - na realidade o advogado curitibano Joel Santos Filho.
O denunciante da corrupção, que para colher prova material do crime, faz-se passar por empresário - interessado em negociar com os Correios.
Na negociação então estabelecida com o falso empresário, Maurício Marinho expôs, com riqueza de detalhes, o esquema de corrupção de agentes públicos existente naquela empresa pública, conforme se depreende da leitura da reportagem divulgada na revista Veja, com a capa "O vídeo da corrupção em Brasília", Edição de 18 de maio de 2005, com a matéria “O Homem Chave do PTB”, referindo-se a Roberto Jefferson, o homem por trás do esquema naquela estatal.
Segundo o Procurador Geral da República, Antonio Fernando Barros e Silva de Souza, na Denúncia Oficial que apresentou e foi acolhida pelo Supremo Tribunal Federal, o ex Deputado Federal Roberto Jefferson, então Presidente do PTB, acuado, pois o esquema de corrupção e desvio de dinheiro público, com a divulgação do vídeo feito por Joel Santos Filho estava focado, em um primeiro momento, em dirigentes dos Correios indicados pelo PTB, resultado de sua composição política com integrantes do Governo, divulgou, inicialmente pela imprensa, detalhes do esquema de corrupção de parlamentares, do qual fazia parte, esclarecendo que parlamentares que compunham a chamada "base aliada" recebiam, periodicamente, recursos do Partido dos Trabalhadores em razão do seu apoio ao Governo Federal, constituindo o que se denominou como "mensalão".
O neologismo mensalão, popularizado pelo então deputado federal Roberto Jefferson em entrevista que deu ressonância nacional ao escândalo, é uma variante da palavra "mensalidade" usada para se referir a uma suposta "mesada" paga a deputados para votarem a favor de projetos de interesse do Poder Executivo. Segundo o deputado, o termo já era comum nos bastidores da política entre os parlamentares para designar essa prática ilegal.
A palavra "mensalão" foi então adotada pela mídia para se referir ao caso. A primeira vez que a palavra foi grafada em um veículo de comunicação de grande reputação nacional ocorreu no jornal Folha de S.Paulo, na matéria do dia 6 de junho de 2005.
A palavra, tal como ela é, foi utilizada também na mídia internacional sempre acompanhada de uma pseudo-tradução. Em espanhol já foi traduzida como "mensalón" e em inglês como "big monthly allowance" (grande pagamento mensal) e "vote-buying" (compra de votos).
Entre 22 a 27 de agosto de 2007, o Supremo Tribunal Federal (STF), o tribunal máximo do Brasil, iniciou o julgamento dos quarenta nomes denunciados pelo Procurador Geral da República, em 11 de abril de 2006.
O STF recebeu praticamente todas as denúncias feitas contra cada um dos acusados, o que os fez passar da condição de denunciados à condição de réus no processo criminal, devendo defender-se das acusações que lhes foram imputadas perante a Justiça e, posteriormente, devendo ser julgados pelo STF.
No dia 14 de setembro de 2005, o mandato de Jefferson, o delator do esquema, foi cassado, perdendo seus direitos políticos por oito anos; enquanto, os deputados acusados que conseguiram se reeleger nas eleições de 1º de outubro de 2006, poderão enfrentar mais um processo de perda de mandato.
Foi descoberto em julho de 2008, durante uma investigação sobre o banqueiro Daniel Dantas, que o Banco Opportunity foi uma das principais fontes de recursos do mensalão. Através do Banco Opportunity Daniel Dantas era o gestor da Brasil Telecom, controladora da Telemig e da Amazonia Telecom.
As investigações apontaram que essas empresas de telefonia injetaram R$ 127 milhões nas contas da DNA Propaganda, administrada por Marcos Valério, o que, segundo a PF, alimentava o Valerioduto, esquema de pagamento ilegal a parlamentares.
A Polícia Federal pôde chegar a essa conclusão após a Justiça ter autorizado a quebra de sigilo do computador central do Banco Opportunity.
Em 2011, já depois do fim dos dois mandatos do presidente Lula, relatório final da Polícia Federal confirmou a existência do mensalão.
O documento de 332 páginas foi a mais importante peça produzida pelo governo federal para provar o esquema de desvio de dinheiro público e uso para a compra de apoio político no Congresso durante o Governo Lula.
Dias depois, o real relatório veio à público mostrando que o documento não se tratava de um relatório final da Polícia Federal e sim uma investigação complementar feita a pedido do Ministério Público cujo objetivo era mapear as fontes de financiamento do valerioduto, e que o documento não comprovara a existência do "mensalão".
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