domingo, 11 de setembro de 2011

Entre Mensalões e Cachoeiras o Brasil Avança


Ruy Barbosa preconizou o dia em que o homem comum se sentiria envergonhado de ser chamado de honesto. Parecia uma afirmação absurda, resultante de estado emocional alterado.
Pois não é que este dia está a bater nossas portas. Pra quê ser honesto se o legal mesmo é levar uma vida abastada, confortável, segura, com todas as regalias e benesses que a nossa mais sabia esperteza pode conquistar?
Ainda vai chegar o dia em que, (se Deus quiser) o ser humano terá desenvolvido uma consciência capaz de adverti-lo e contê-lo em suas malfeitorias apenas porque esta é sua convicção.
Enquanto isto, veremos este desfile de “quem é o mais corrupto, desonesto e canalha, que consegue driblar e zombar da justiça brasileira, ao mesmo tempo, repetida e impunemente”.
A justiça brasileira é tão boazinha. Um dos elementos que levaria um cidadão sem a convicção que mencionei acima a não cometer crimes seria o medo da punição.
Mas enquanto o crime de colarinho branco anda de jatinho a justiça brasileira vai atrás ao lombo do seu jegue manco e anêmico.
O criminoso não pensa duas vezes: “Nesse passo só vou ser condenado em outra encarnação... se houver”.
E cai de boca no mel da corrupção debochando da justiça e da sociedade, com tanta certeza e desenvoltura que acaba criando escola.
O corrupto é tão cínico e debochado que depois de ter lucrado com seu roubo descarado, ainda demanda contra a justiça e o estado pedindo ressarcimento por danos morais e pelas custas do processo.
Pois está claro que, se a justiça não conseguiu provar nada contra um corrupto por questão de mera formalidade processual, ainda que todas as provas apontem a autoria, o cara em questão se tornou mais um pobre injustiçado, e tome processo contra o estado e se prenda o delegado que o acusou.
Depois de ver inocentados e soltos tantos criminosos e corruptos ricos, não há sacristão que acredite que deva ser honesto e cumpridor da lei, se esta não for sua convicção de cidadania.
Tudo se resume nunca aventura radical: cometer crimes e enganar a justiça. A sensação de ter enganado a justiça é tão compensatória quanto os resultados do crime. Deve dar até um friozinho na barriga dos corruptos e criminosos de carteirinha.
E para afirmar esta nossa vocação de Brasil – Pátria da Impunidade e paraíso dos bandidos e corruptos ainda temos que ver esta generosidade a se estender à criminosos de outras pradarias, atraídos pelas promessas de uma terra onde a impunidade corre a céu a aberto e a canalhice é premiada até com títulos, comendas e livros publicados.
Uma terra em que um congresso não prima pela ética e lisura e que a justiça é tão morosa e boazinha é uma promessa de vida nova e livre para todos os bandidos e corruptos de cá e de alem mar.
 Sinto até inveja do Olavo Bilac ao ler seu poema “A Pátria”.





A Pátria
Olavo Bilac

Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste!
Criança! não verás nenhum país como este!
Olha que céu! que mar! que rios! que floresta!
A Natureza, aqui, perpetuamente em festa,
É um seio de mãe a transbordar carinhos.
Vê que vida há no chão! vê que vida há nos ninhos,
Que se balançam no ar, entre os ramos inquietos!
Vê que luz, que calor, que multidão de insetos!
Vê que grande extensão de matas, onde impera
Fecunda e luminosa, a eterna primavera!

Boa terra! jamais negou a quem trabalha
O pão que mata a fome, o teto que agasalha...

Quem com o seu suor a fecunda e umedece,
Vê pago o seu esforço, e é feliz, e enriquece!

Criança! não verás país nenhum como este:
Imita na grandeza a terra em que nasceste!

Dá até para ouvir Deus respondendo ao poeta:

— É Olavo. Mas espera só para ver o povinho que habitará esta Terra!!!

João Drummond






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