sábado, 20 de outubro de 2012

Um Tímido no País do Carnaval


Desde que me entendo por gente, fui tímido e nunca me orgulhei desta característica. Acreditava que timidez era um traço genético de natureza irreversível.
A esta crença se somou outra, segundo a qual timidez era sinônimo de fraqueza, covardia, falta de personalidade e até mesmo carência de hombridade.
Passei a crer também que timidez era uma espécie de “maldição dos fracassados”. Eu seria desta forma, mais um “nascido para fracassar”. Ser tímido não é tão grave assim se a pessoa aceita esta condição e sabe levar isto numa boa. Mas eu rejeitava de maneira radical a idéia de ser tímido, por representar, para mim, a figura do morto/vivo social.
Por outro lado via na pessoa que falava alto, tinha movimentos largos, expansivos, forte aperto de mão, como o mais evidente exemplo de pessoa bem sucedida. Esta idéia perdurou até que eu conhecesse os políticos.
Perguntei-me muitas vezes se a timidez é mais fácil de ser vivida ou mesmo superada, em sociedades de natureza mais reservada e contida.
Será que ser tímido no país do carnaval é diferente de ser tímido no país da valsas ou das sonatas?
Mas para mim ficou claro que ser tímido numa sociedade descontraída, própria dos povos tropicais, tornava a pessoa mais evidente que um ET.
Não ia aos bailes de carnaval, e muitos achavam que era por falta de gosto.  Viam naquele comportamento sinal de desanimo que não combinava com uma pessoa jovem como eu. Os conselhos não faltavam: Você tem que sair, se divertir, namorar, tomar umas e outras.
Não é que não gostasse daquilo tudo. Mas é que eu me sentia tão observado e cobrado que me inibia cada vez mais.
A timidez segundo pude constatar mais tarde, uma vez não superada, pode levar uma pessoa a distúrbios psíquico/emocionais mais graves.


Cidade Santa Rita do Sapucaí – Sul de Minas Gerais - Escola Técnica Francisco Moreira da Costa - Ano 1969

Minha chegada a Santa Rita se deu em janeiro, época das provas vestibulares. Meu pai me acompanhou nesta viagem, e tendo conseguido vaga para mim no alojamento da escola, voltou no dia seguinte para nossa cidade de origem Sete Lagoas. Era o ano de 1969 e eu estava na época com 16 anos.
Após as provas de admissão fiquei em Santa Rita, esperando os resultados. A distância entre as duas cidades desestimulava viagens freqüentes.
O resultado das provas foi positivo e resolvi permanecer até o inicio das aulas, em março.

Santa Rita era uma típica cidadezinha do interior de Minas com população em torno de doze mil habitantes. A pracinha central com a matriz era o ponto de referencia de quem ali chegava.
A cidade tinha sua população acrescida de jovens de todas as partes do Brasil e até do exterior por abrigar duas importantes escolas: a ETE - Escola Técnica de Eletrônica Francisco Moreira da Costa e o INATEL - Instituto Nacional de Telecomunicações, educação de nível superior.

Segue....






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