Só Para Relembrar

O Caso Cesare Battisti

Autor: João Batista Drummond

O caso Battisti é intrigante. Dá até tema de novela. É muito difícil senão impossível para um leigo, pobre mortal comum, fazer julgamento de valores da situação, ou tomar partido contra ou favor de sua extradição.
O homem é acolhido no Brasil como asilado político, depois de ter adentrado terras tupiniquins de maneira irregular.

A Itália seu país de origem pede sua extradição sob acusação de quatro assassinatos nos anos setenta. (era um foragido da justiça italiana).
O caso chega ao Supremo que teve que julgar não a titularidade dos crimes que ele supostamente teria cometido, mas se ele deveria ou não ser extraditado.
O supremo vota por cinco a quatro pela sua extradição, mas deixa a batata quente nas mãos do presidente Lula, que promete decisão para breve.
Algumas questões saltam com força às vistas e aos ouvidos de nosotros, reles cidadãos comuns, votantes e pagantes desta extensa e insipiente nação.

1 - Battisti é um imigrante ilegal?
2 - Battisti é um suspeito/réu foragido comum da justiça italiana ou detém a prerrogativa de refugiado político?
3 - Ele matou ou não matou as quatro pessoas a que se refere a justiça italiana?
4 - Se o Supremo julga, mas deixa a solução final para o presidente Lula porque perder tempo julgando com uso do meu, do seu, do nosso?
5 – Se Lula lhe conceder a benção da não extradição isto o isentaria de um julgamento justo pelos crimes que supostamente teria cometido?
6 - Se ele for extraditado a Itália lhe negaria um julgamento isento, democrático e justo?

Estas e outras questões cruzam o universo de nossas consciências confusas porque a coisa parece uma destas tempestades criadas em copo d’água, diante de inúmeros problemas que governo, supremo e povo brasileiro têm pela frente, de urgência e importância consideravelmente maior e destoa de medidas diferentes tomadas pelo Estado Brasileiro em passado recente (leia-se atletas cubanos por ex.).

Não que a vida de Battisti não tenha importância, toda vida o tem. Mas não estamos falando de uma ditadura centro-americana ou africana, mas de um país de tradição democrática e de uma justiça no mínimo mais evoluída que a nossa, que na certa teria mais condições de julgar os méritos do caso.
Há quem diga que a vida dele correria perigo lá na Itália. Por acaso corre menos perigo aqui, como, aliás, a vida qualquer um de nós?
Seria muita arrogância e prepotência do Brasil querer ensinar a Itália como se julgar seus concidadãos.

Logo o Brasil, o paraíso da impunidade e da fragilidade jurídica. Quem dera se os aposentados, as crianças abandonadas, os trabalhadores, os necessitados de justiça e de saúde no Brasil gozassem da mesma simpatia e sensibilidade demonstrada por membros do Governo para com o cidadão italiano Cesare Battisti.
Que Deus o conduza e o tenha em segurança... Lá na Itália.


João Drummond

http://www.artigonal.com/doutrina-artigos/o-caso-cesare-battisti-1493282.html

Perfil do Autor

Escritor, poeta, cronista, jornalista.
56 anos, casado, pai de treis filhos, natural do Rio de Janeiro, mineiro desde criancinha.